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Recessão global e guerra comercial podem frear a economia do ES

Recessão global e guerra comercial podem frear a economia do ES

Mundo está crescendo menos por causa da disputa entre Estados Unidos e China. Entenda por que essa briga pode ter consequências no Estado

Publicado em 4 de setembro de 2019 às 14:29

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Economia do Espírito Santo, dependente do comércio exterior, pode ser afetada por recessão e disputa entre China e Estados Unidos. (Vitor Jubini)

Se o cenário da economia brasileira apresentou uma leve melhora neste trimestre, o mesmo não se pode dizer da cena internacional. Uma guerra comercial - com fundo político - entre China e Estados Unidos e um princípio de recessão econômica mundial batendo à porta devem frear a economia do Brasil e do Espírito Santo - que tem economia aberta ao mercado internacional.

Um dos primeiros a admitir preocupação é o secretário de Estado da Fazenda, Rogélio Pegoretti. "Com esse cenário o consumo reduz, os investimentos caem, muitas empresas acabam sendo mais cautelosas com a gestão dos recursos. Isso nos trás preocupação. Por isso, desde o início do governo estamos pregando a necessidade de cautela, sobretudo com os gastos públicos", comenta.

 

A doutora em Contabilidade e Administração Neyla Tardin, professora da Fucape, destaca que quase 50% da renda capixaba está ligada ao comércio exterior. "É uma dependência muito grande", afirma.

E essa dependência é maior em relação aos Estados Unidos do que à China.

Só para se ter uma ideia, segundo dados do ComexStat, vinculado ao Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, de janeiro a junho deste ano, o Estado exportou US$ 1,2 bilhão em produtos para os americanos, enquanto importou US$ 397 milhões - deixando um saldo positivo de cerca 800 milhões na balança comercial.

Já para os chineses o valor exportado foi de US$ 215 milhões e o valor importado chegou a US$ 589 milhões - um saldo negativo em mais de US$ 370 milhões para a economia capixaba. (infogram aqui)

"Num primeiro momento, esse conflito entre chineses e americanos pode ser favorável, fazendo com que o Estado negocie mais com ambos os países. Porém, no longo prazo, pode ser muito negativo, já que os dois países podem ter uma retração econômica que afete todo o mundo. Com isso, o Estado deve acabar exportando e arrecadando menos", explicou Neyla.

Na verdade, parte dos efeitos dessa disputa entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping já estão sendo sentidos ao redor do globo.

Prova disso é que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que aumentou 0,4% no trimestre, ficou atrás somente crescimento registrado nos Estados Unidos e na Indonésia. Grandes economias como Japão, Alemanha e Reino Unido já não conseguiram crescer - muito por conta da desaceleração da economia mundial.

O professor de Gestão e Negócios da Faesa, José Antônio Resende Alves, é um dos que espera que essa situação envolvendo as duas maiores economias mundiais seja resolvida em breve.

"Tem um ditado africano que diz que em briga de elefantes quem sofre é a grama. Se essa briga entre as duas potências durar mais alguns meses, a economia pode entrar numa fase muito difícil, com China e Estados Unidos comprando e vendendo menos, causando efeitos negativos em várias economias do mundo", avaliou.  

Campanha

A disputa político-comercial entre Estados Unidos e China começou ainda em 2016, durante a campanha eleitoral de Donald Trump à presidência americana.

Donald Trump, presidente dos Estados Unidos. (Reprodução | Instagram | Arquivo)

Segundo explica o doutor em História e mestre em Relações internacionais Helvécio de Jesus Júnior, a postura de Trump contra a China foi um dos fatores que o ajudou a ser eleito.

"Trump teve esse discurso voltado para o trabalhador americano. De fato, ele levou empresas de volta para o país, deu incentivos, cortou impostos e estabeleceu recordes de crescimento. Isso deu capital político a ele", Helvecio, que é professor da UVV.

Ainda de acordo com o professor, a força do presidente Trump pode fazer com que o acordo entre as duas potências seja empurrado para frente.

"Trump é um bom negociador. E ele pode estar postergando esse acordo para assinar algo quando estiver mais perto da eleição americana, quando ele deverá tentar se reeleger", aponta.

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