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Pela primeira vez em dez anos, maio é positivo para a Bolsa

Pela primeira vez em dez anos, maio é positivo para a Bolsa

No mês, o Ibovespa acumulou alta de 0,7%, a 97 mil pontos

Publicado em 31 de maio de 2019 às 21:51

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Data: 23/01/2019 - Bolsa de Valores de São Paulo, Ibovespa - Editoria: Editoria: Economia - Foto: Divulgação - Jornal A Gazeta. (Arquivo)

Pela primeira vez desde 2009, a Bolsa brasileira termina maio no azul. No mês, o Ibovespa acumulou alta de 0,7%, a 97 mil pontos. Mas, a maldição de maio tinha tudo para se repetir. Até o meio do mês, o índice acumulava a pior perda do ano, com a mínima de 89 mil pontos em 17 de maio.

A montanha-russa se deve, em grande, a reforma da Previdência. Incertezas quanto a aprovação do projeto e a posterior confiança no Congresso movimentaram o mercado doméstico, que se decolou do exterior. Para as principais economias globais, o período foi de forte quedas com a intensificação da guerra comercial entre China e Estados Unidos.

"Parece que foi um mês bastante longo. Tivemos vários maios dentro do mês. O mercado externo foi muito conturbado, com o aumento de tensões entre China e EUA. No Brasil também tivemos o avanço das investigações de Flávio Bolsonaro e manifestações contrárias ao governo. Mas, o legislativo assumiu responsabilidade pela reforma e aliviou investidores", afirma Glauco Legat, analista-chefe da Necton.

Em 13 de maio, teve início a investigação judicial contra o filho do presidente, Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), e a revelação de que Rodrigo Maia (DEM-RJ) foi citado em delação sobre suposto pagamento de propina por um sócio da companhia aérea Gol. No dia, a Bolsa brasileira despencou para 91 mil pontos.

Ao fim da mesma semana, em 16 e 17 de maio, a Bolsa atingiu os piores patamares do ano e o dólar chegou a R$ 4,10. No período, o presidente Jair Bolsonaro (PSL-RJ) compartilhou um texto sobre as dificuldades de seu mandato dizendo que o Brasil é ingovernável sem os conchavos que ele se recusa a fazer.

Já o relator da reforma da Previdência na Comissão especial, Samuel Moreira (PSDB-SP), disse que o governo Bolsonaro é "muito beligerante". Por usa vez, o presidente da Comissão, Marcelo Ramos (PR-AM), afirmou que os líderes partidários podem apresentar uma proposta própria de alteração das regras previdenciárias.

Ainda no período, a agência de classificação Fitch Ratings afirmou que apenas a reforma da Previdência não é suficiente para estabilizar endividamento, ou levar a uma revisão de rating positiva do país.

Foi no fechamento do mercado, em 17 de maio de 2017, que a delação de Joesley Batista fez o mercado virar. No dia seguinte, a Bolsa caiu 8,8% e o índice perdeu 6 mil pontos. Quando neste 2019, as datas coincidiram, investidores viram o risco do maio sangrento se repetir.

Mas, neste ano, depois da turbulência, investidores logo retomaram o otimismo e depositaram a confiança de uma nova Previdência no Congresso, independente da articulação do governo. A partir de 20 de maio o Ibovespa iniciou trajetória de alta, que culminou na volta aos 97 mil pontos.

O pacto entre os três poderes, acordado nesta segunda (27) acabou por impulsionar a alta do índice. Confiantes com o tom mais moderado de Bolsonaro e a promessa de Maia de votar a reforma até a segunda quinzena de julho, investidores voltaram a comprar.

"Ficou bem claro que a Bolsa andou bastante graças ao otimismo interno, já que o mês foi bastante complicado para os ativos globais. Basta uma boa notícia que os zé comprinhas aparecem", afirma Victor Cândido, economista-chefe da Guide Investimentos.

A alta de 0,7% no mês se aproxima do rendimento da renda fixa para o período, de, aproximadamente 0,5%. Em maio, o dólar terminou de lado, com variação de R$ 4,10 a R$ 3,92.

Outro fator determinante para a alta da Bolsa é a expectativa de queda na taxa Selic. Com o recuo de 0,2% no PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre e inflação controlada, economistas veem espaço para atuação do Banco Central após aprovação da reforma na Câmara.

No exterior, o cenário foi oposto. Nos EUA, Dow Jones acumulou queda de 6,7% em maio. S&P 500 e Nasdaq caíram 6,6% e 7,9%, respectivamente. O índice CSI 300, que reúne as Bolsas de Xangai e Shenzhen, teve 7,24% de queda.

A guerra comercial entre EUA e China se acentuou no período, com retaliações de ambas as partes. Americanos e chineses aumentaram tarifas de importações e a Huawei, empresa chinesa de tecnologia, sofreu sanções do governo americano.

Nesta quinta (30), o presidente americano Donal Trump estendeu a disputa comercial ao México. Em retaliação aos imigrantes ilegais, os EUA taxará importações mexicanas em 5% a partir de 10 de junho.

O anúncio derrubou as principais Bolsas globais nesta sexta (31), que caíram cerca de 1,5%.

O Ibovespa cedeu 0,44%, a 97.030 pontos. O giro financeiro foi de R$ 16 bilhões, dentro da média para o ano.

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A maior baixa do índice foi a BRF, que cedeu 4,5%, a R$ 27,70. A companhia anunciou que negocia fusão com a concorrente Marfrig. Segundo analistas, o negócio pode ser prejudicial por envolver mercados e logísticas distintos. Em relatório, o BTG Pactual destaca "significantes riscos de execução e integração".

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