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Para driblar crise, sindicatos do Espírito Santo planejam fusão

Para driblar crise, sindicatos do Espírito Santo planejam fusão

Instituições patronais buscam alternativas para sobreviver a perda de receita gerada pelo fim da contribuição obrigatória

Publicado em 26 de junho de 2019 às 23:10

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Sindicatos patronal da área de confecção é um dos que planejam fusão. (Divulgação)

Sem a contribuição sindical obrigatória, a crise se instalou nos sindicatos de todo o país. No Espírito Santo, por exemplo, em uma tentativa de diminuir os impactos e sobreviver à arrecadação menor, instituições patronais de categorias próximas estão planejando fusões.

Por todo o Estado, a história contada pelos representantes das unidades se repete. Para diminuir custos tiveram que reduzir pessoal, e para atrair novas filiações precisaram fazer campanhas e oferecer novos serviços. Porém, essas ações se mostraram insuficientes para reverter o quadro em que as entidades se encontravam.

Desde o início de 2018, o Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem, Tinturaria, Estamparia e Beneficiamento de Fibras Artificiais e Sintéticas e do Vestuário (Sindutex) e o Sindicato da Indústria de Confecções de Roupas em Geral (Sinconfec) vêm se mobilizando para se fundir. Com a fusão, prevista para ser oficializada até o fim deste ano, as 50 empresas associadas ao Sindutex se unirão a outras 140 filiadas ao Sinconfec.

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Tivemos que nos reinventar. Como as demandas do setor são praticamente as mesmas para os dois sindicatos, nos unindo teremos uma entidade maior e com custo menor

Mariluce Polido, presidente do Sindutex
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Clara Orlandi, presidente do Sinconfec, complementa que as associações já estão trabalhando em conjunto. “Não estamos tendo dificuldades neste período de unificação. Isso acontece porque a vontade de fundir os sindicatos veio somada com a necessidade de sobreviver e de termos mais força nas nossas reivindicações”, explica.

Outro sindicato que estuda a possibilidade de uma fusão para sobreviver é o da Indústria Alimentar de Congelados, Supercongelados, Sorvetes, Concentrados e Liofilizados (Sincogel). Como o setor é pequeno, Vladimir Rossi, presidente da associação, revela que esta será a saída para ter equilíbrio nas contas.

“Estamos em busca de instituições com atividades afins. Por enquanto, há apenas conversas de bastidor, mas poderemos aproximar as relações com outros sindicatos”, comenta.

Construção civil também estuda fusão. (Gildo Loyola/Arquivo)

TENTATIVAS

O cenário atual de vacas magras para os sindicatos, diferente do apresentado até 2017, deve fazer com que tentativas malsucedidos no passado ganhem um novo final. As empresas da construção civil, por exemplo, têm três sindicatos representantes no Estado. O maior deles é o Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Espírito (Sinduscon), que conta com 150 empresas associadas.

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A fusão é extremamente importante e uma tendência natural entre as organizações. Hoje já cooperamos com os demais sindicatos da categoria, mas essa união poderá ser uma opção interessante

Paulo Baraona, presidente do Sinduscon
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Segundo o presidente do Sinduscon, Paulo Baraona, quando a contribuição obrigatória estava em processo para ser suspensa, a instituição conversou com o Sindicato da Indústria da Construção Civil de Guarapari (SindiciG) sobre o assunto. Segundo o presidente do SindiciG, Fernando Otávio, naquele momento houve dificuldade de respeitar a competência e a identidade de cada sindicato.

“Na época não conseguimos construir um modelo para que a fusão funcionasse bem, mas a necessidade muda o quadro geral da situação”, observa.

Além de tentar driblar a crise, as associações também querem tornar as unidades representativas mais fortes. Só no Espírito Santo, são 260 sindicatos registrados, entre patronais e de trabalhadores. Para as organizações, há muitos sindicatos para representar a mesma categoria empresarial.

ENTENDA

Cobrança

Fim da obrigatoriedade

Contribuição - No final de 2017, a nova legislação trabalhista definiu que a contribuição sindical deixaria de ser obrigatória para todos os membros de sindicatos.

Verbas - Com o fim da obrigatoriedade, as entidades passaram a contar com uma renda 87% menor em relação a que tinham 2017.

Boleto - no início de março deste ano, uma medida provisória determinou a proibição da contribuição sindical direto em folha. Ela deve ser cobrada exclusivamente por meio de boleto bancário ou equivalente eletrônico.

Uniões

Motivos

Falta de dinheiro - Sem a contribuição sindical obrigatória, as instituições de categoria entraram em crise. Passaram a ter verbas cada vez menores, já que o número de associados despencou.

Excesso de sindicatos - Outro motivo para as fusões é o excesso de sindicatos que pulveriza as participações e diminui a força do segmento. O Estado tem 260 entidades representativas, entre patronais e dos trabalhadores. Para os próprios sindicalistas há um excesso de associações.

Ter mais associados - Além de aumentarem a força sindical com a fusão, as entidades de classe também pretendem fazer o número de associados crescer.

Setores

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Possibilidade de união  - Alguns setores já estão mostrando interesse em realizar a união de suas entidades. Esse é o caso da construção civil, indústria têxtil e alimentação.

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