A Polícia Civil concluiu que o imediato do navio Sepetiba Bay foi o responsável pelo acidente que matou três estivadores em julho deste ano em Portocel. O imediato é o braço direito do comandante e uma espécie de gerente de operações. Segundo a investigação, o imediato rasurou o diário de bordo para ocultar erros e foi negligente ao deixar de realizar a aferição dos gases do porão do navio. O Ministério Público do Trabalho (MPT) também responsabiliza o comandante da embarcação pela negligência.
A conclusão da Polícia Civil, obtida pelo Gazeta Online, segue a mesma linha da investigação particular feita pela Portocel. A perícia particular foi concluída em agosto. Segundo a diretora-superintendente da Portocel, Patrícia Dutra Lascosque, a empresa só divulgou o resultado porque o processo deixou de tramitar em segredo de Justiça.
Um especialista em engenharia naval foi contratado para fazer a perícia. A investigação da empresa constatou que no diário de bordo havia o registro de que a medição de oxigênio no porão tinha sido feita no dia do acidente, mas no equipamento constava a última medição dia 22, dois dias antes do acidente. O local também não foi ventilado.
Os serviços no porão tiveram início às 8h e o acidente aconteceu por volta de 12h. Segundo a diretora do Portocel, existe uma regra internacional que determina o lacre dos porões durante a viagem. Esse porão só pode ser acessado após a realização de ventilação mecânica e constatação através de medições de que o nível de oxigênio está aceitável a vida humana e que não existem outros gases nocivos.
Como houve essa negligência, além das aferições feitas pelo comandante do navio, a Portocel também está realizando as medições nos porões com cargas de madeira.
Além de fazer uma checagem antes de permitir que as pessoas vão à bordo, temos usado equipamentos de medição individual e temos mantido uma equipe de emergência permanente enquanto estamos operando navio de madeira, afirmou Patrícia.
DIA DO ACIDENTE FOI REPRODUZIDO POR PERÍCIA
Para chegar à conclusão de que o porão do navio não passou por medição e não foi ventilado no dia do acidente, a investigação particular tentou reproduzir as mesmas condições do dia do acidente. Os porões do navio foram lacrados por 83 horas, após esse período, eles foram abertos e houve uma medição no topo, no meio e na parte baixa dos porões.
Sem ventilação, foi constatado que não havia nível de oxigênio aceitável. Os porões então foram ventilados. Após quatro horas de ventilação chegou-se a um nível aceitável. A ventilação foi suspensa por cinco horas, que foi o tempo da abertura do porão até a hora do acidente. A medição então foi feita a cada meia hora e não houve a redução de oxigênio. O que levou a investigação a concluir que o porão não foi ventilado no dia do acidente.
O navio Sepetiba Bay continua com as operações em Portocel, mas a tripulação foi toda substituída.
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