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Marcelo Odebrecht entra na Justiça contra presidente da empresa

Marcelo Odebrecht entra na Justiça contra presidente da empresa

Empresário pede explicações sobre entrevista em que foi acusado de chantagem

Publicado em 29 de janeiro de 2020 às 08:54

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Fachada da sede da construtora Odebrecht, na Zona Oeste de São Paulo (SP). ( MARCOS BEZERRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO)

O empresário Marcelo Odebrecht, 51, entrou com um processo em que acusa o atual presidente do Grupo Odebrecht, Ruy Lemos Sampaio, de calúnia e difamação.

No documento protocolado no dia 7 de janeiro deste ano, Marcelo pede explicações sobre a entrevista que Sampaio concedeu ao jornal Valor Econômico em dezembro de 2019 com o título "Odebrecht acusa ex-CEO Marcelo de chantagear empresa".

Ruy Sampaio, na entrevista, afirmou que Marcelo recebeu R$ 240 milhões da empresa para aceitar assinar o acordo de colaboração. "Marcelo é passado na organização. É página virada. Ele precisa entender e aceitar isso", disse Sampaio à publicação.

Marcelo afirma que Sampaio tratou sua honra com "desdém e pouco caso" e que divulgou "em mídia nacional informações confidenciais" com o objetivo de prejudicar sua imagem.

O empresário diz ainda que Sampaio estaria fazendo uma retaliação após ele ter apresentado denúncias ao setor de compliance (boas práticas corporativas) da empresa e enviado elementos probatórios para as autoridades.

Marcelo, então, faz 27 questionamentos a Ruy Sampaio sobre afirmações que ele disse para o jornal.

Entre as questões, Marcelo quer saber, por exemplo, "onde, quando e em que local" a suposta chantagem teria sido feita por ele. E se Sampaio sabia que o empresário tinha que se reportar aos superiores hierárquicos enquanto era diretor presidente da Odebrecht.

O processo corre na 23ª Vara Criminal do Estado de São Paulo. A juíza Marcela Raia Sant'Anna deu 30 dias para que Sampaio responda às indagações.

Procurada, a Odebrecht diz que não vai comentar o processo aberto por Marcelo contra Ruy Sampaio.

No dia 20 de dezembro, Marcelo Odebrecht foi demitido do grupo por justa causa. A ordem para a demissão partiu de seu pai, Emílio.

Marcelo era contratado pelo regime CLT. Desde que foi preso, em 2015, havia sido afastado, mas teve mantida a remuneração mensal, de R$ 115 mil.

No pedido de explicações feito a Sampaio, diz que seu desligamento "é objeto de legítima contestação nos foros competentes".

O empresário foi demitido após reportagem da Folha revelar que ele enviou emails a familiares e diretores do conglomerado em que fez denúncias sobre pessoas-chave do grupo.

Nas mensagens, ele critica, por exemplo, o executivo Mauricio Ferro -seu cunhado-, que chegou a ficar preso cerca de duas semanas por suspeita de corrupção. Escreve que "o maior prejuízo nem foram os R$ 200 milhões roubados, mas tudo o que ele fez, destruindo a Odebrecht e as relações familiares, para ocultar este roubo".

O suposto desvio ainda está sob investigação.

Emilio, de acordo com Marcelo, teria utilizado o seu poder no comando para nomear executivos que tinham "conflito de interesse".

Para Marcelo, Ruy Sampaio seria um deles. O empresário argumenta que o executivo atuaria em favor dos interesses de Emílio e de seus próprios, inclusive para evitar investigações que poderiam incriminá-lo.

Em um dos emails, Marcelo diz que "existem evidências fortes, inclusive registros no My Web Day e Drousys [sistemas usados pela empresa para gerir o pagamento de propinas], de que RLS [sigla para Ruy Lemos Sampaio], o representante escolhido pelo mandatário [Emílio Odebrecht], recebeu ou intermediou pagamentos indevidos".

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"Isto entre outros fatos, como de obstrução à Justiça, que precisam ser urgentemente apurados", afirma.

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