> >
Bolsa tem primeira quinzena mais otimista desde primeiro mandato de Lula

Bolsa tem primeira quinzena mais otimista desde primeiro mandato de Lula

Diante da escalada, muitos investidores questionam se ainda há espaço para surfar nessa onda

Publicado em 21 de janeiro de 2019 às 17:43

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
(Pixabay)

A posse de Jair Bolsonaro (PSL) como presidente da República foi capaz de garantir alta de 7,49% na Bolsa ainda na primeira quinzena de 2019 - mais do que rendeu o CDI (taxa que anda de mãos dadas com a Selic) durante todo o ano de 2018. Trata-se do início de governo mais otimista desde o primeiro mandato do ex-presidente Lula (PT), em 2003. Diante da escalada, muitos investidores questionam se ainda há espaço para surfar nessa onda.

Especialistas, porém, indicam que esta é a hora de observar movimentos, pois a lua de mel pode ser mais curta que o esperado.

Nos primeiros 15 dias de 2003, quando assumiu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), posteriormente condenado e preso na Operação Lava Jato, o Ibovespa avançou 8,04%. Em seu segundo mandato, Lula viu o índice recuar 3,49% no período, reflexo de dúvidas do mercado de que ele seria capaz de manter a economia nos trilhos.

Já em 2011, a ex-presidente cassada Dilma Rousseff (PT) era vista como herdeira de um trabalho positivo feito por seu antecessor, recebendo o que o analista Pedro Guilherme Lima, da Ativa Investimentos, chama de "voto de confiança".

O resultado foi uma Bolsa com alta de 2,36% nos primeiros 15 dias de governo. Já no início de 2015, o mercado sinalizava a pior crise econômica dos últimos tempos com o segundo mandato de Dilma e recuava 5,07% - movimento também visto quando seu sucessor assumiu o Palácio do Planalto em maio de 2016: com a entrada de Michel Temer (MDB), o índice caiu 7,87% em uma quinzena.

"Após um longo período de pessimismo econômico, agora em 2019 vemos medidas mais positivas em busca de equilíbrio e melhora da economia - e isso reflete nos números", diz Lima.

Para ele, o quadro atual era esperado e fruto de uma equipe econômica que agradou o mercado, liderada por Paulo Guedes, ministro da Economia. "Temos indicações de que serão tomadas atitudes pró-mercado, com postura mais liberalista e reformista. Assim, o mercado reage positivamente."

"Agora temos um cenário completamente diferente, com o mercado dando um grande voto de confiança à nova equipe, o que é bom. Isso explica os números, mas o limite desta lua de mel é curto e depende da reforma da Previdência", diz Jefferson Laatus, operador do mercado e sócio do Grupo Laatus.

Segundo ele, definições como as presidências da Câmara e do Senado no próximo mês e do impasse comercial entre China e Estados Unidos também podem afetar o ritmo do mercado. "Não dá para achar que a Bolsa vai bater um recorde atrás do outro. A popularidade de um governo dura, em média, 100 dias. Por isso, é momento de esperar para investir para, quem sabe, obter mais direcionamento."

REFORMA

Nesse aspecto, há cautela com a falta de novidades sobre a reforma da Previdência. "Nunca tivemos um mercado tão esperançoso com um presidente por quase uma década, mas isso não é garantia. O investidor estrangeiro comporta-se de maneira diferente e quer horizonte, por isso mesmo está aguardando para ver o que acontece", afirma o especialista Jefferson Laatus.

Com a abertura do Fórum Econômico de Davos amanhã, na Suíça, há a expectativa de que Paulo Guedes dê mais detalhes sobre a mudança nas regras de aposentadoria. A notícia foi bem recebida pelo mercado.

Este vídeo pode te interessar

Enquanto os anúncios não acontecem, a cautela ainda é o melhor caminho, avalia Laatus, sobretudo para quem ainda está engatinhando no mercado acionário. "Para quem já investe na Bolsa, vale a pena acompanhar esse processo para tomar decisões. Para quem ainda não faz isso, o custo pode ser muito caro, com risco de perder dinheiro", diz. "Pode parecer contraditório, mas o momento de entrar na renda variável não é quando está tudo lá em cima e ainda cercado de incertezas", afirma. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais