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BNDES aprova fusão entre Fibria e Suzano

BNDES aprova fusão entre Fibria e Suzano

Anúncio foi feito no final da noite desta quinta-feira (15); operação cria gigante global de celulose

Publicado em 16 de março de 2018 às 03:21

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Unidade da Fibria, em Aracruz. (Fibria | DIvulgação)

A disputa acirrada pela Fibria, maior fabricante de celulose de eucalipto do mundo, chegou ao fim. O BNDES aprovou a fusão com a Suzano, numa operação que criará uma gigante global de celulose. A decisão, informada pelo BNDES no fim da noite desta quinta-feira (15), foi tomada em conjunto com a Votorantim, com quem o banco de fomento compartilha o controle da Fibria.

A BNDESPar, braço de participações acionárias do BNDES, receberá cerca de R$ 8,5 bilhões, além de ações da nova companhia. Na estrutura acionária atual, a BNDESPar conta com 29,08% dos papéis da Fibria e a Votorantim, com 29,42%. Na nova empresa, a BNDESPar terá fatia minoritária.

A Suzano, controlada pela família Feiffer, voltou a manter conversas sobre uma possível fusão com a Fibria no fim do ano passado. No começo desta semana, porém, o BNDES confirmou que havia recebido uma proposta formal do grupo asiático Paper Excellence pela Fibria.

Segundo fontes, a oferta avaliava a companhia em até R$ 40 bilhões. A Paper Excellence começou a operar no Brasil no ano passado, com a compra da Eldorado, do grupo J&F, numa aquisição de R$ 15 bilhões. Nesta quarta-feira (14), segundo fontes disseram à Reuters, o grupo asiático, controlado pela família Wijaya, teria elevado sua proposta, mas, mesmo assim, isso não foi suficiente para convencer os controladores.

CONTROLE NACIONAL

O acordo foi divulgado no fim da noite desta quinta-feira (15), após o fechamento dos mercados. As ações da Fibria encerraram o pregão com leve baixa de 0,3%, cotadas a R$ 71,56. Os papéis da Suzano fecharam em baixa de 2,5%, a R$ 23,40.

De acordo com o BNDES, a negociação prevê melhorias na governança da nova empresa, que contaria com a indicação de conselheiros independentes. O acordo prevê ainda que os acionistas minoritários recebam dinheiro e ações nas mesmas condições que os controladores.

A decisão do BNDES mantém o controle da nova gigante global de celulose nas mãos de grupos nacionais. O BNDES se tornou acionista da Fibria em 2009, com um aporte de recursos para criar a empresa, que é resultado da combinação entre Votorantim Celulose e Papel e Aracruz Celulose.

SETOR EM EXPANSÃO

Com perfil voltado para a exportação, o setor de celulose passou ao largo da crise dos últimos anos. De acordo com dados da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), em 2017, houve aumento de 14% nas exportações de celulose, o que representa US$ 6,4 bilhões em receita.

As vendas ao exterior de papel aumentaram 2,2%, com resultado financeiro de US$ 1,9 bilhão. A China se manteve como a maior compradora de celulose brasileira, com aumento no consumo de 18,7%, seguida pela Europa, que teve alta de 7,5% nas compras.

No balanço de 2017, a Fibria afirma que o desempenho para o setor este ano permanece favorável em razão da demanda global, impulsionada pela China e pela Europa.

"O desempenho positivo da demanda chinesa será ancorado pela entrada em operação de novas máquinas de papel, possíveis fechamentos de fábricas ineficientes e o impacto da redução das licenças para importação de papel reciclado que devem beneficiar a demanda por celulose de fibra virgem, além da continuidade de um cenário de estoques reduzidos nas mãos dos produtores locais", avaliou a empresa. 

COMUNICADO DO BNDES

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por meio de sua subsidiária de participações acionárias, a BNDESPAR, aprovou a consolidação entre as empresas Suzano e Fibria. As negociações foram conduzidas em comum acordo com a Votorantim S/A, com quem a BNDESPAR compartilha o controle da Fibria. A operação consolida as duas maiores empresas de celulose do País, e transforma a companhia resultante na líder mundial em celulose de mercado. A composição da forma de pagamento ao BNDES concilia o recebimento de parte significativa em dinheiro, cerca de R$ 8,5 bilhões, e o recebimento de ações da companhia resultante, com a perspectiva de valorização a partir dos ganhos sinérgicos e de produtividade advindos da transação.

Dessa forma, o BNDES dá prosseguimento à sua estratégia corporativa, de monetização a preços adequados de participações societárias maduras em grandes empresas, permitindo a geração de caixa para novos investimentos em fundos de apoio a empresas startups e scaleups, entre outras. A operação é inteiramente garantida por consórcio de bancos (/assuntos/bancos) privados e sua conclusão está sujeita à aprovação de agências antitruste. Histórico – O fim das negociações encerra ciclo exitoso de participação da BNDESPAR na Fibria, que teve início em 2009, com aporte de capital para a criação da empresa resultante da combinação entre Votorantim Celulose e Papel e Aracruz Celulose.

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Desde então, a Fibria obteve resultados em diversas dimensões, desde o fortalecimento das práticas de governança — notadamente a migração para o Novo Mercado —, o robustecimento da sua estrutura de capital e a obtenção do grau de investimento. As ações prepararam a companhia para um ciclo de expansão que resultou no fortalecimento da indústria nacional de celulose e gerou aumento de exportações, com reflexos na balança comercial e na geração de empregos

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