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Sínodo da Igreja é um tempo de missão e não de omissão

O Sínodo deseja encontrar e oferecer pistas/respostas às agudas questões relativas à catequese dos povos da região Amazônica e, por conseguinte, abraçar a causa da preservação da vida humana e dos biomas

Publicado em 10/10/2019 às 05h00
Atualizado em 10/10/2019 às 05h00
Papa Francisco se encontra com representantes do povo indígena amazônico. Crédito: Focolares/Reprodução
Papa Francisco se encontra com representantes do povo indígena amazônico. Crédito: Focolares/Reprodução

Teve início no último domingo, em Roma, e se estende até o final do mês, o chamado Sínodo para Amazônia. Antes de tudo, o que significa a palavra Sínodo? Interessante, a palavra tem sua origem no idioma grego - sýnodos - e quer dizer “caminhar juntos”. Pergunta-se: será que na Igreja Católica todos estão “caminhando juntos”, especificamente, no que tange propostas e desejos da Igreja para Amazônia?

Na redes sociais, vemos uma certa porção de gente fazendo barulho e atacando o papa a partir do pressuposto de que Francisco seria um comunista que estaria desfigurando os ensinamentos do Homem de Nazaré. Certamente são os mesmos que há algumas décadas rotulavam Dom Helder Câmara de “comunista”. A propósito, ele dizia: “Quando dou comida aos pobres, me chamam de santo. Quando pergunto porque eles são pobres, chamam-me de comunista”.

Para essa gente, a doutrina parece ser superior ao Evangelho; mais: para essa gente, importa ver um bispo desfilar de capa vermelha pelos corredores das catedrais; causa-lhe mal-estar ver um simples padre (ainda que homem casado) presidindo e distribuindo pão eucarístico, anunciando o Evangelho a um povo que participa da missa uma ou duas vezes por ano na Amazônia.

Onde se funda a suposta controvérsia levantada? Porque tanta resistência? Por que são tão medrosos? É simples, a Amazônia desvia o olhar dos brilhos das cruzes cravejadas de pedras, para os olhares vidrentos e ofuscados dos que estão ameaçados. Isso é bastante para incomodar líderes religiosos (escribas, doutores da lei do tempo moderno) que se escondem por detrás das púrpuras e dos brocados.

O Sínodo deseja encontrar e oferecer pistas/respostas às agudas questões relativas à catequese dos povos da região Amazônica e, por conseguinte, abraçar a causa da preservação da vida humana e dos biomas que estão seriamente ameaçados pela voracidade capitalista que não conhece limites. Para a Igreja, “tudo está interligado”.

A Igreja não é um ilha desconectada no mundo. Este evento visa revelar que o objetivo da “Igreja de Francisco” é única e exclusivamente resgatar o legado do “Filho do Carpinteiro” e garantir a proximidade com os mais pobres. Uma Igreja que, ao apresentar-se como herdeira de um Verbo Encarnado, não pode ser omissa e indiferente aos corpos/carnes que gritam por mais justiça, mais amor e mais vida.

O Papa Jesuíta, metafórica e profeticamente, disse no último domingo, na missa de abertura do Sínodo: “O fogo de Deus, como no episódio da sarça ardente, arde mas não consome (cf. Ex 3,2). É fogo de amor que ilumina, aquece e dá vida; não fogo que alastra e devora. (...) O fogo ateado por interesses que destroem, como o que devastou recentemente a Amazônia, não é o do Evangelho. O fogo de Deus é calor que atrai e congrega em unidade. Alimenta-se com a partilha, não com os lucros. Pelo contrário, o fogo devorador alastra quando se quer fazer triunfar apenas as próprias ideias, formar o próprio grupo, queimar as diferenças para homogeneizar tudo e todos”.

Se a Igreja (bem como qualquer outra instituição ou organização religiosa) se fechar em si mesma, deixa de ser a Igreja do Homem de Nazaré. Torna-se apenas mais um ONG. Uma Instituição Religiosa que não se renova, deixa de se encarnar na realidade, deixa de ser seguidora do Verbo Encarnado, para se tornar apenas conservadora. A única coisa que os cristão são convidados a conservar é o Evangelho e a fé viva, que sempre interpelará a nossa consciência e a sermos sempre, no mundo, agentes da missão libertadora e não da omissão doentia.

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