
Acompanhamos na última semana uma verdadeira guerra entre parlamentares do PSL, partido do atual presidente da República Jair Bolsonaro, estando este último diretamente envolvido na questão. Áudios foram vazados por integrantes do próprio partido e o objetivo principal da disputa é o controle do partido que, por consequência, significa controle do dinheiro - já que o PSL teve aumento expressivo de financiamento público para os fundos partidário e eleitoral após as eleições de 2018.
Embora existam dois grupos brigando, ambos têm integrantes com condutas semelhantes quando o assunto é machismo, sexismo e desvalorização de questões de minorias políticas. Nomeio alguns deles.
O deputado Daniel Silveira, durante a campanha eleitoral do ano passado, quebrou uma placa simbólica com o nome da vereadora assassinada Marielle Franco e posou sorridente para a foto, como se estivesse celebrando sua morte. Foi ele também que gravou e divulgou a fala do deputado Delegado Waldir dizendo que iria “implodir” o presidente.
Já o deputado Carlos Jordy é autor do projeto de lei nº 3.369/19, denominado “Lei Neymar da Penha”, além de ter usado recentemente uma camisa em rede nacional com os dizeres “Ustra vive”. Da mesma forma como Jair Bolsonaro saudou o coronel Ustra na votação pelo impeachment de Dilma Rousseff, Jordy manteve a homenagem ao líder das torturas durante a ditadura brasileira que, dentre tantas desumanidades praticadas, levou crianças para assistirem à tortura da mãe, além de ter torturado a própria ex-presidenta Dilma.
Uma das figuras centrais na briga, o deputado Delegado Waldir, após ter sido gravado dizendo que ia implodir o presidente, afirmou no dia seguinte, em tom jocoso: “Somos que nem mulher traída: apanha, mas mesmo assim volta pro aconchego”. A infelicidade dessa frase não tem tamanho. Ela reforça a misoginia que circunda as ações dos parlamentares do PSL e apoiadores do Presidente Bolsonaro, e ignora a dificuldade que muitas mulheres têm em enxergar que são vítimas de violências, e outras de sair do círculo nefasto de violência doméstica e familiar, seja por dependência emocional ou financeira.
Em meio a essa disputa pelo poder, a frase do deputado Waldir retrata o descaso do atual governo com o grave panorama brasileiro de violências domésticas contra a mulher que, muitas vezes, culminam em feminicídios.
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