É juiz de Direito aposentado e escritor

No tumulto das diferenças, há uma identidade: somos todos mortais

A condição mortal de todos os homens e mulheres é o mais forte argumento para afirmar a Unidade Humana

Publicado em 13/08/2019 às 14h25
Atualizado em 23/08/2019 às 08h28
Sem diferença de raça, sexo e profissão. Crédito: Divulgação
Sem diferença de raça, sexo e profissão. Crédito: Divulgação

Hoje, 14 de agosto, é o Dia da Unidade Humana. Somos diferentes uns dos outros. Há diferença de idade, de sexo, de raça, de profissão e habilidades, diferença daquilo de que se gosta e daquilo de que não se gosta. Enfim, a enumeração das diferenças é quase infinita.

No tumulto das diferenças, há uma identidade – todos somos mortais.

A convicção da mortalidade pode tornar mais fácil a aceitação das diferenças e nos convencer da Unidade Humana. Por que o patrão é mais importante que o empregado se ambos vão morrer?

Por que o senador é mais importante que o porteiro do Senado se nenhum dos dois está livre do túmulo?

Por que este é mais importante que aquele, se este e aquele serão cobertos pela última mortalha?

A condição mortal de todos os homens e mulheres é o mais forte argumento para afirmar a Unidade Humana. Somos diferentes uns dos outros sim.

As pequenas diferenças são pormenores e nem merecem que as consideremos à face da grande identidade dos sete palmos de terra e um caixão, verdade que serviu de título para o célebre livro de Josué de Castro.

As diferenças devem ser superadas pelo respeito que todos merecem. Temos muito que aprender com as diferenças.

As diferenças não justificam os preconceitos, os anátemas.

O respeito ao diferente é uma questão básica na ideologia dos Direitos Humanos.

Os Direitos Humanos prestam-se cada vez mais a integrar o catálogo de lutas de todos os oprimidos da Terra.

A luta pelos Direitos da Pessoa Humana, em sociedades como a brasileira, marcada pela exclusão social de milhões de pessoas, é ainda uma luta que rompe com os padrões dominantes, inclusive os padrões dominantes no pensamento e na prática jurídico-social.

No Brasil, as religiões cristãs são largamente majoritárias.

Jean-François Collange mostra que, fundamentalmente, o traço de união indissociável entre Cristianismo e Direitos Humanos resulta de que o valor do homem diante de Deus não está nem na cor de sua pele, nem no seu sexo, nem no seu estatuto social, nem muito menos na sua riqueza, mas no fato de que em Cristo ele é aceito como filho de um mesmo Deus.

Isto de cada um, de sua parte, reconhecer-se como filho de um mesmo Pai conduz a uma fraternidade autêntica, base dos Direitos Humanos.

Se em todas as profissões deve haver traço humano, em algumas (Magistratura, Advocacia, Medicina) é condição sine qua non do exercício profissional. Lembro-me de um diálogo exemplar que ouvi entre um cliente e seu advogado. O cliente, que gostava de usar palavras difíceis, disse ao causídico para elogiá-lo: doutor, eu admiro sua petulância senil. O advogado respondeu: muito obrigado, preclaro amigo, muito obrigado por sua nobilíssima intenção.

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