É mestre em História pela Ufes

Castelo: da primeira eleição à votação extraordinária

A nova escolha para o Executivo municipal acontecerá 90 anos após a primeira, ocorrida em 25 de agosto de 1929, oito meses depois da emancipação político-administrativa da localidade, oficializada em 25 de dezembro de 1928, quando se desmembrou de Cachoeiro de Itapemirim

Publicado em 15/10/2019 às 05h00
Atualizado em 15/10/2019 às 05h01
Antiga sede da Prefeitura de Castelo: primeira eleição foi realizada há 90 anos. Crédito: Acervo IBGE
Antiga sede da Prefeitura de Castelo: primeira eleição foi realizada há 90 anos. Crédito: Acervo IBGE

Os eleitores do município de Castelo irão às urnas, de forma extraordinária, no dia 27 de outubro de 2019. Dessa vez, a eleição é suplementar, em virtude da cassação da chapa do prefeito Luiz Carlos Piassi (MDB) e do vice Pedro Nunes de Almeida (PSDB), eleitos em 2016.

A nova escolha para o Executivo municipal acontecerá 90 anos após a primeira, ocorrida em 25 de agosto de 1929, oito meses depois da emancipação político-administrativa da localidade, oficializada em 25 de dezembro de 1928, quando se desmembrou de Cachoeiro de Itapemirim.

Vivia-se, naquele tempo, a Primeira República, época em que democracia, eleições livres, voto pleno e secreto não faziam parte da rotina da sociedade. Portanto, é nesse contexto que se realizou a eleição inaugural em Castelo, ou seja, com a maioria da população sem direito ao voto e longe das decisões políticas.

Até o primeiro pleito, a prefeitura foi comandada por um interventor estadual, o advogado Américo Viveiros da Costa Lima, que antes de ocupar o posto, atuou na Comarca de Alegre e era formado pela Faculdade Livre de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro.

Durante as articulações para indicação de candidaturas, o interventor saiu em vantagem por ser aliado do grupo político que dominava o Espírito Santo no período. Assim, o acordo nos gabinetes decidiu previamente a eleição em Castelo e só um postulante disputou o cargo de prefeito: o próprio interventor Américo Viveiros, vencedor com apenas 622 votos. Em conjunto, foram eleitos os vereadores que constituíram a primeira legislatura da Câmara Municipal: Archilau Vivacqua, Carlos Lomba, César Ferreira dos Santos, Cyro Vieira da Cunha e Raymundo Nonato Rangel.

A posse, no dia 12 de outubro de 1929, recebeu autoridades locais e estaduais. Finalizada a cerimônia, segundo o jornal Diário da Manhã, realizou-se “magnífico baile” no salão das sessões da Câmara Municipal, cujas “danças prolongaram-se animadíssimas até as 5 horas da manhã, servindo-se aos convivas finas bebidas e doces”.

Por fim, o mandato do primeiro prefeito foi abreviado pela chegada de Getúlio Vargas à Presidência, via Revolução de 1930. O chefe do Executivo local foi substituído e o município passou a conviver, a partir daí, com várias intervenções até a queda de Vargas em 1945.

O prefeito destituído, após ser implicado em inquéritos promovidos pelos novos “donos do poder”, seguiu carreira no Estado do Rio de Janeiro, onde chegou a ser nomeado pelo governador para desempenhar, em 1947, a função de prefeito de Teresópolis.

A democracia, sonho distante na década de 1920, ainda não foi integralmente conquistada pelos brasileiros. No entanto, se em 1929 havia somente um candidato a prefeito, uma eleição dominada por vícios, sem oposição organizada e reduzido número de votantes, agora é diferente. Atualmente, mais de 28 mil eleitores castelenses podem exercer sua cidadania, usufruir de eleições livres e aperfeiçoar a democracia, que apesar das suas limitações, permanece como a melhor forma de governo para a sociedade enfrentar suas mazelas.

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