Advogado especialista em Direito Empresarial, professor universitário, doutor em Direito e mestre em Educação e Comunicação

Oxalá Bolsonaro continue a dizer besteiras, mas faça o óbvio pelo país

Da minha parte, continuarei a criticar os absurdos que falam e fazem – e são muitos – mas a “razão” não me permite ignorar a evidência

Publicado em 07/11/2019 às 04h00
Atualizado em 07/11/2019 às 04h00
Presidente da República, Jair Bolsonaro conversa com a Imprensa. Crédito: José Dias/PR
Presidente da República, Jair Bolsonaro conversa com a Imprensa. Crédito: José Dias/PR

O maestro Antônio Carlos Jobim compôs uma obra-prima que resume diversos traços da identidade nacional, em uma frase: “O Brasil não é para principiantes!”. Seria um elogio? Mera observação? Análise depreciativa? Difícil dizer.

O nosso grande Tom não explicou em vida. Resta-nos especular. Esta semana, o presidente visitou o Congresso para entregar um conjunto de medidas, cujo texto inicial tem o objetivo de flexibilizar o orçamento, aumentar os repasses aos demais entes federativos, desburocratizar, extinguir municípios com menos de 5 mil habitantes e baixa receita, modernizar a máquina pública e outras questões na mesma linha.

Há ainda a insólita revelação de que temos R$ 240 bilhões em dinheiro público distribuídos em 281 fundos, cujo valor não pode ser acessado para gerar benefícios à população – com proposta de serem extintos ou realocados. O que estamos esperando para aprovar!?

Seguramente, haverá um debate violento nas Casas Legislativas que poderá se arrastar por todo o ano de 2020 sem desenlace. Alguém já disse que o Brasil é um país que resolve os seus problemas pela via da exaustão – vide a reforma da Previdência. Sempre me questiono de onde vem essa nossa dificuldade de consenso, mesmo quando estamos diante do óbvio.

Passamos anos discutindo o artigo 192 da Constituição Federal que falava sobre juros de 12% ao ano. Depois de milhares de julgados, discussões e anulações de contratos, o dispositivo foi parcialmente revogado; Convivemos décadas com uma inflação que teria, rapidamente, unido qualquer país em torno da solução do problema; Toleramos taxas de homicídios que ultrapassam a de países em guerra civil; Permitimos que presos de alta periculosidade mantenham comunicação eficaz como se livres estivessem – assunto que já parece com solução bem encaminhada; Aceitamos, como não fosse um problema de todos, que 57 milhões de residências estejam sem rede de esgoto, 24 milhões sem água encanada e 15 milhões sem coleta de lixo.

Então, elegemos um presidente sem a menor clareza sobre tais chagas nacionais que permite à “equipe econômica” trabalhar com liberdade e produzir algo que, se não é a solução ideal, é muito, muito melhor do que o problema. Simplesmente o óbvio!

Pois é, não votei no presidente eleito, recomendei que não votassem e tenho feito duras críticas à sua gestão, mas sei reconhecer quando estou diante do óbvio. Este conjunto de medidas pode acelerar o desenvolvimento, destravando gargalos da nossa economia. Mas, novamente, os debates serão bizantinos e nos roubarão o tempo que não temos.

Alguns acreditam que devem inviabilizar as votações porque o presidente e seus filhos falam e fazem muitas besteiras. Mentalidade mesquinha, típica daqueles que torcem contra o piloto. Da minha parte, continuarei a criticar os absurdos que falam e fazem – e são muitos – mas a “razão” não me permite ignorar a evidência. Oxalá nosso presidente continue a dizer besteiras e permitir que se faça o óbvio na direção de solucionar problemas reais. Todo o resto é briga de torcida e conversa de “principiantes” fora do Tom!

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