
Conhecida por ser reduto de apadrinhados políticos, a Codesa surpreendeu e abriu processo seletivo para contratar três profissionais comissionados. As vagas são para ouvidor, coordenador de contratos comerciais e superintendente de projeto. Com salários que variam de R$ 12.667 a R$ 18.377 mais benefícios, os cargos exigem experiência mínima a partir de sete anos em formações diversas como Direito, Engenharia, Economia e Administração.
Missão desestatizar!
As descrições das habilidades demandadas dos candidatos bem como a comprovação da experiência vão ao encontro da missão dada pelo governo federal à nova diretoria: a de desestatizar a Codesa.
Efeito imediato
É a primeira vez que a companhia docas capixaba abre um processo seletivo para preencher um cargo comissionado. Nos bastidores, fontes afirmam que já é efeito da mudança no comando da organização, que desde março tem Julio Castiglioni como diretor-presidente.
Quando ele foi anunciado, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, ressaltou que o procurador do Estado estava sendo escolhido pelo perfil técnico, pelo conhecimento e pela experiência em modelagens jurídicas. Ao que tudo indica, Castiglioni está querendo multiplicar a gestão profissional na companhia.
Detalhe
Dos três cargos que foram abertos, dois eram ocupados por indicados políticos e o terceiro estava vago. De acordo fontes ligadas à estatal, o que não faltou foi parlamentar batendo à porta da nova diretoria para fazer suas próprias recomendações. Pelo jeito, não colou!
Nova cultura
A quantidade de profissionais que está passando por um processo seletivo pode parecer pequena frente a toda a estrutura da Codesa, que tem cerca de 30 comissionados. Mas o número, neste primeiro momento, é o que menos importa. A mudança de cultura é o principal recado que começa a ser passado.
Aliás, dos 30 cargos em comissão, alguns deles serão extintos para redução do custeio. E a ideia é que das vagas que restarem, metade seja ocupada por empregados concursados da própria Codesa e a outra metade seja formada a partir da contratação direta de profissionais reconhecidos no mercado, de processos seletivos e ainda com o aproveitamento de alguns comissionados que já estavam na empresa e demonstram ter aptidão técnica e alinhamento com o novo modelo de gestão.
Revisão
Além das mudanças no quadro de pessoal e dos estudos que já começaram a ser realizados para o governo definir se o melhor caminho será a privatização, a concessão, o arrendamento ou outro modelo, a expectativa é que a nova direção consiga minimizar os prejuízos que vêm sendo acumulados pela Codesa nos últimos anos. Em 2017, o prejuízo foi da ordem de R$ 25 milhões e, em 2018, de quase R$ 20 milhões. Por enquanto, o orçamento de 2019 está sendo refeito e o corpo diretivo está revisando a projeção de receitas e de todo o custeio.
Ainda há otimismo
Por anos, a Codesa enfrenta o loteamento político, lida com a pouca transparência e acumula exemplos de ineficiência, a exemplo das dragagens mal-sucedidas, ao longo das últimas duas décadas, que não conseguiram dar competitividade ao Porto de Vitória. Assim, ver surgir iniciativas que profissionalizam a gestão traz um alento e revigora a expectativa de que será possível ver avanços na infraestrutura portuária capixaba. Vamos aguardar.