Professor titular aposentado da Ufes

Economistas cinquentonas e cinquentões e Ufes 65

Mais do que a expansão de suas áreas e instalações, a Ufes cada vez mais forja sonhos e forma pessoas para o exercício mais amplo do que o de uma profissão; forma-as para a cidadania

Publicado em 07/11/2019 às 04h00
Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Crédito: Ricardo Medeiros
Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Crédito: Ricardo Medeiros

Há 50 anos formava-se a primeira turma de Economia no campus de Goiabeiras. Desse grupo de quase 30 formandos, muitas histórias se desenvolveram nesse meio século. Histórias de realização profissional, de constituição de família, de superação de dificuldades, de rupturas, de partidas para outros planos da vida, de maneiras distintas de se colocar no mundo. Tudo a ser devidamente celebrado em encontros apesar dos muitos desencontros vivenciados por todos.

Tendo cursado os três anos nas instalações da antiga Faculdade de Ciências Econômicas, na Praia de Suá, o pioneirismo de terem ocupado um dos primeiros prédios a funcionarem no novo campus, isso teve pouco impacto na memória afetiva da maioria dos formandos. Para eles, a memória é do funcionamento do curso seriado que ao longo de quatro anos os formou para o exercício da profissão de economista. A Ufes de 1969 era pouco mais do que uma instância de poder e burocracia. Do campus ficaram as imagens do mosaico de Samú que emoldurava o primeiro prédio ocupado pelo curso de Economia, onde hoje funciona a Galeria Espaço Universitário

É possível que alguns pouco tenham notado transformações quantitativas e qualitativas pelas quais passou e passa a Ufes. A antiga faculdade se tornou Departamento de Economia e, hoje, além do curso de graduação, oferece mestrado e doutorado. A Ufes hoje, além dos campi de Goiabeiras e Maruípe, em Vitória, se interiorizou através dos implantados em Alegre e em São Mateus.

Mais do que a expansão de suas áreas e instalações, a Ufes cada vez mais forja sonhos e forma pessoas para o exercício mais amplo do que o de uma profissão; forma-as para a cidadania. Forja sonhos e forma para a cidadania em mais de oitenta cursos de graduação; em mais de sessenta de mestrado; em mais de 30 de doutorado. Capacita para pesquisas e as realiza através de mais de 400 grupos registrados no Conselho Nacional de Pesquisa – CNPq. Forja sonhos e forma para a cidadania seus alunos envolvendo-os em inúmeros projetos de extensão junto à sociedade capixaba.

Muitos de seus professores realizam pesquisas em articulação com instituições nacionais e internacionais o que contribui para colocar o Espírito Santo em sintonia com a sociedade do conhecimento. Em nível estadual, é a principal instituição de ensino, pesquisa e extensão, o que a torna a mais importante fonte de formação de profissionais que atuam em prol da saúde, da educação, da cultura, do bem-estar, dentre outros, dos capixabas.

Nela se formaram, inclusive, a maioria dos que hoje atuam em outras instituições de ensino e pesquisa no Espírito Santo, tais como o Ifes, o Incaper e faculdades privadas. Nela, encontram oportunidades de inclusão via programa de cotas, egressos de escolas públicas, negros e nativos.

Olhar para a Ufes pelo retrovisor de quem nela se formou, como a turma de economia de 1969, é uma forma de se dar conta que sua contribuição para com a formação socioeconômica capixaba é muito maior do que a soma de quem nela se graduou, fez cursos de especialização, se tornou mestre ou doutor. Extrapola a soma dos que foram atendidos por seus programas de extensão. É mais ampla do que o que os resultados de pesquisas que nela foram feitas direta ou indiretamente.

Celebrar 65 anos de fundação da Ufes é acima de tudo desejar que seus formandos em 2019 possam daqui a cinco décadas - mais do que comemorar feitos e conquistas pessoais e profissionais – reconhecerem a contribuição da sociedade como um todo para com esses feitos e conquistas. Sociedade como um todo que contribui para que tenham uma educação pública e de qualidade.

Educação pública e de qualidade posta em risco pela mentalidade financista e reacionária de governantes que fazem apologia de uma meritocracia reconhecida pelas chamadas forças de mercado. Forças do mercado financeiro que se contrapõem ao bem comum e que geram exclusão social e crescente destruição do meio ambiente.

Forças do mercado financeiro que têm dificuldade de lidar com a liberdade de pensar. Livre pensar que é a característica maior de uma universidade de qualidade como a Ufes 65.

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