Pelo menos uma pessoa morre por ano no Espírito Santo vítima de raios. De 2000 até 2019, 20 pessoas perderam a vida no Estado em decorrência de descargas elétricas. A constatação é do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat), que é referência no estudo desse fenômeno natural no país e que está vinculado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
No levantamento que apontou números da incidência de raios no Espírito Santo e no Brasil nas últimas duas décadas, constatou-se que 90% das mortes registradas são do sexo masculino. Ou seja, 18 homens e 2 mulheres perderam a vida no período em solo capixaba, segundo dados apontados pelo Elat. Ainda de acordo com o estudo, metade das mortes ocorreu em zonas rurais e outra metade em perímetros urbanos. A pesquisa ainda apontou que 35% das vítimas no Estado encontra-se na faixa etária entre 30 a 39 anos.
Raio é o nome designado para um relâmpago que atinge o solo. Já os relâmpagos são descargas atmosféricas de grande intensidade que ocorrem dentro das nuvens de tempestade também conhecidas como nuvens Cumulonimbus a partir de cargas elétricas provocadas pelo atrito entre partículas de gelo. Quando o campo elétrico, produzido por essas cargas, excede a capacidade isolante do ar, a descarga elétrica se forma.
Os raios percorrem distâncias da ordem de 5 km e podem ser denominados ascendentes, quando iniciam no solo e sobem em direção à tempestade, ou descendentes, quando iniciam na tempestade e descem em direção ao solo. A intensidade típica de um raio é de 20 mil ampères, cerca de mil vezes a intensidade de um chuveiro elétrico.
Ainda sobre o Espírito Santo, o Elat apontou que o verão é o período de maior incidência de descargas elétricas ao longo do ano. Das vinte mortes ocorridas pelo fenômeno no período analisado, mais da metade ocorreu durante a estação. O último verão, especialmente, apresentou uma elevação na quantidade de raios que caíram no Estado. Foram contabilizados 107.545 raios do tipo nuvem-solo, que é quando a descarga parte da atmosfera e toca o chão. No verão anterior, o Estado registrou 45.803 raios desse tipo. Essa modalidade de descarga elétrica é a que representa maior ameaça à vida e às propriedades, onde podem ocasionar incêndios, além do risco de morte.
Segundo o Grupo de Eletricidade Atmosférica, a probabilidade média de uma pessoa morrer atingida por um raio no Brasil ao longo de toda a sua vida é de uma em 25 mil, considerando uma expectativa de vida em torno de 75 anos. Embora pareça pequena, esse risco pode ser muito maior dependendo da circunstância em que a pessoa se encontra durante uma tempestade e pode chegar a uma probabilidade como de morrer participando de uma corrida de moto, da ordem de um em mil.
Segundo o estudo do Elat, o Brasil registra 78 milhões de raios anualmente, e uma em cada 50 mortes no mundo por descargas elétricas ocorre no país. O levantamento do Grupo de Eletricidade Atmosférica contabilizou 2.194 mil mortes por raios no período analisado, e o Estado com a maior quantidade de óbitos é São Paulo, com 327 mortes.
Assim como no Espírito Santo, a maioria das vítimas no Brasil é do sexo masculino (82%). O ano em que mais pessoas morreram no país nas últimas duas décadas foi em 2001, quando 193 óbitos foram registrados no estudo nacional sobre raios. Pessoas que trabalham ou moram nas zonas rurais são as maiores vítimas. Esse grupo representou 26% das mortes analisadas.
O Elat elaborou uma cartilha com recomendações sobre como não ficar exposto e se proteger das descargas elétricas em condições propícias para o fenômeno. Veja o que evitar:
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