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Witzel exonera subsecretária de Saúde durante crise do coronavírus

Witzel exonera subsecretária de Saúde durante crise do coronavírus

Responsável pelos hospitais do estado, a médica Mariana Scardua discordou do coordenador de contratações emergenciais do estado

Publicado em 4 de abril de 2020 às 15:35

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O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel
O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel. (Antonio Cruz/Agência Brasil )

Em plena crise causada pelo novo coronavírus, o governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel (PSC),  exonerou nesta sexta-feira (3) a médica Mariana Scardua do cargo de subsecretária de Gestão da Atenção Integral à Saúde.

A subpasta é responsável pela gestão de unidades de saúde do estado, regulação de leitos, protocolos sobre manejo de medicamentos, entre outras atividades intimamente relacionadas ao enfrentamento da pandemia. Além de Scardua, foi exonerado seu chefe de gabinete, o advogado Luiz Octávio Mendonça.

No comando da subsecretaria desde o início da gestão Witzel, os dois vinham divergindo do novo subsecretário-executivo da pasta, Gabriell Neves, nomeado em fevereiro para o cargo. Ele se tornou o responsável pelos processos de contratações emergenciais para o combate ao coronavírus.

Neves comandou a seleção relâmpago das organizações sociais que vão administrar os hospitais estaduais Anchieta, na capital, e Zilda Arns, em Volta Redonda, futuros pólos para o atendimento de pacientes da Covid-19.

A seleção das OSs ocorreu em menos de dois dias para contratos estimados em R$ 90 milhões para os próximos seis meses. O subsecretário usou a pandemia para justificar o estabelecimento dos prazos curtos, quando foi questionado por uma concorrente da licitação sobre restrição à competição.

Neves também conduz a contratação de mil leitos de UTIs privados para o combate ao coronavírus num custo estimado de R$ 500 milhões. O estado, contudo, recebeu oferta de apenas 95 leitos.

A retirada dos dois foi decidida pelo secretário de Saúde, Edmar Santos, aceita e autorizada por Witzel. Ainda não foi anunciado o substituto no cargo.

O governador e a secretaria não se pronunciaram sobre as exonerações. Scardua e Mendonça não quiseram comentar a saída da pasta.

O governador do Rio de Janeiro foi o primeiro governador a fazer decretos para viabilizar o isolamento social dos moradores do estado. Foi um dos primeiros também a criticar frontalmente o presidente Jair Bolsonaro pelo que considerava falta de ação do governo federal.

Dados da Secretaria de Saúde apontam 1.074 casos confirmados de contaminação pelo novo coronavírus, com 47 mortes. Há outros 49 óbitos aguardando resultados de testes.

Especialista em medicina da família, Scardua trabalhou por dois anos na Prefeitura do Rio de Janeiro na gestão Eduardo Paes (DEM). Foi convidada pelo secretário Edmar Santos para coordenar as unidades de saúde estaduais no início da nova administração estadual.

Uma semana após a chegada de Neves, o secretário tirou da então subsecretaria e seu chefe de gabinete o poder de realizar atos de gestão orçamentária e financeira. Tais medidas passaram a ser concentradas por Neves.

O subsecretário-executivo da Saúde assumiu o posto de coordenador das contratações emergenciais logo após ter parte dos bens bloqueados pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

Neves é acusado de dar um golpe de quase R$ 300 mil numa idosa no ano passado, como revelou o blog do jornalista Ruben Berta. Ele era advogado dela num processo contra uma concessionária e é acusado de ter se apropriado da indenização de R$ 291 mil paga após uma luta de 12 anos na Justiça.

O subsecretário não comentou a decisão judicial.

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