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Mais detentos são achados mortos em presídios de Manaus

Mais detentos são achados mortos em presídios de Manaus

O governo estadual reforçou a segurança em todos os presídios do Amazonas

Publicado em 27 de maio de 2019 às 21:04

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Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus. (Divulgação/Seap)

Menos de 24 horas depois da morte de 15 homens em motim no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, neste domingo (26), mais detentos foram encontrados mortos em outras três unidades prisionais da capital amazonense, todos por enforcamento.

O governo estadual não confirma ainda o número, mas as mortes ocorreram no CDPM1 (Centro de Detenção Provisória Masculina 1), no Ipat (Instituto Penal Antônio Trindade) e na UPP (Unidade Prisional do Puraquequara), na manhã desta segunda-feira (27).

Só em um dos casos até o momento foi confirmada a identidade da vítima. Fábio Queiroz Ferreira, 39, foi encontrado morto dentro da própria cela por agentes que o conduziriam para audiência no Fórum de Justiça. Ele cumpria pena por porte ilegal de arma de fogo e tráfico de drogas no CDPM1, na mesma estrada vicinal que dá acesso ao Compaj. Os nomes dos demais presos não foram divulgados.

Após as mortes, o governo estadual reforçou a segurança em todos os presídios do estado. O GIP, grupo ligado ao Batalhão de Choque da Polícia Militar, passou a revistar e recontar presos em todas as unidades prisionais. Segundo Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Amazonas, "a situação está controlada e todos os presos estão na tranca".

A secretaria informou ainda que medidas disciplinares semelhantes às adotadas no Compaj, onde as visitas foram suspensas, devem ser adotadas nas demais unidades onde foram registradas mortes. Um inquérito será instaurado para investigar as mortes dos detentos dentro dos presídios.

No domingo, os presos morreram asfixiados ou golpeados com "estoques", armas brancas artesanais improvisadas, no caso, com escovas de dente.

Segundo o secretário de Segurança Pública do estado, Louismar Bonates, o motim começou durante o horário de visita de familiares e foi motivado por conflitos entre diferentes organizações criminosas.

"Houve um confronto entre dois grupos organizados de dentro do presídio, que têm conflitos e aproveitaram o momento da visita de familiares para fazer essa tomada", explicou Bonates, que negou que os visitantes tenham sido feitos reféns.

De acordo com o titular da pasta, no momento em que a confusão entre os presos começou, muitos familiares que estavam no presídio correram para a quadra e outros para os corredores, em uma tentativa de evitar o confronto com a polícia.

"Eles não fazem os familiares de escudo humano, o que acontece é que alguns familiares, nessa situação, preferem ficar no presídio para evitar a intervenção das forças de segurança, na tentativa de que eles consigam apaziguar os ânimos", disse.

O secretário relatou que o Grupo de Intervenção Penitenciária e a Tropa de Choque da Polícia Militar foram deslocados para o presídio e que a rebelião foi contida ainda no início da tarde deste domingo.

Para ele, o motim foi resultado de um racha interno das organizações criminosas, provocado por conflitos motivados por mudanças na administração do presídio.

"A atual administração está incentivando o sistema de trabalho para redução de pena e muitos presos vêm aderindo. Isso parece estar incomodando as lideranças e pode ser a causa desse conflito", justificou.

Em 2017, na mesma semana da rebelião no Compaj, mais quatro detentos foram assassinados durante um motim na Unidade Prisional de Puraquequara (UPP), também em Manaus, e, seis dias depois, uma nova rebelião, desta vez na Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa, localizada no centro da capital amazonense, terminou com mais quatro mortos.

Naquele mesmo ano, a crise prisional se estendeu para outros estados. Quatro dias depois da chacina nas unidades prisionais do Amazonas, 33 presos foram assassinados no maior presídio de Roraima, a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo.

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Também no início de 2017, um motim deixou pelo menos 26 mortos, decapitados ou carbonizados, na penitenciária de Alcaçuz, em Nísia Floresta, a maior do Rio Grande do Norte.

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