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Eleições 2018: jovens já sabem em quem vão votar

Eleições 2018: jovens já sabem em quem vão votar

Apesar de terem definido seus candidatos, jovens ouvidos por A GAZETA defendem um diálogo maior com o futuro governador

Publicado em 20 de agosto de 2018 às 00:02

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Quando olham para o futuro, seus maiores anseios convergem: um Estado com melhores condições de saúde, segurança e educação, além de um governo aberto ao diálogo. Essas são as prioridades dos jovens eleitores ouvidos por A GAZETA. Mas as semelhanças param por aí. É que na hora de eleger o futuro governador do Espírito Santo seus critérios de avaliação são bem diferentes e é isso que promete fazer a diferença nas urnas em outubro.

Em pleno início da campanha eleitoral, eles já têm seu voto definido e dizem o por quê logo abaixo.

Conforme explica o professor de Sociologia e de Política da Universidade Mackenzie Rodrigo Prando, tais critérios ou escolhas políticas dos jovens são moldados a partir de suas experiências de vida, bem como das instituições nas quais estão inseridos (família, escola e igreja, por exemplo), além do que absorvem de informação, seja nos jornais ou nas mídias sociais.

“A perspectiva de um jovem de periferia não é a mesma da de um jovem de classe média ou alta, assim como mudam as visões de homem e mulher, de homossexuais. Então, classe social, gênero, etnia, são alguns dos fatores que influenciam nesse voto”, acrescenta o professor Rodrigo Prando.

Mas, diferentemente do perfil dos jovens ouvidos nesta reportagem - alguns deles já envolvidos com movimentos ou partidos políticos - na visão de Prando, um grande número de pessoas que permanece distante do mundo político por uma questão de não identificação. “Hoje o perfil majoritário do político no Brasil é de um homem, de mais de 50 anos, milionário e que tem curso superior. As pessoas estão muito longe de serem milionárias, muitas não chegaram ao ensino superior e não têm 50 anos ou mais. Isso, muitas vezes, afasta o jovem da política”, argumenta.

CARÊNCIA EM POLÍTICAS SOCIAIS

Os protestos contra o aumento da passagem de ônibus em 2013 marcaram o momento de aproximação entre o estudante de Artes Visuais Igor Maia, de 23 anos, e a política. Foi participando das discussões e movimentos políticos da Ufes que ele conheceu, em 2015, o advogado André Moreira (PSOL), hoje seu candidato ao governo.

Se por um lado acredita que o Estado esteja bem estruturado e com a economia em desenvolvimento, por outro, o estudante enxerga uma carência no âmbito das políticas sociais. 

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Segurança, saúde pública, educação e cultura são áreas que ainda deixam muito a desejar. O Estado não tem ainda, por exemplo, uma universidade pública estadual

Igor Maia, estudante de Artes Visuais
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Sem filiações partidárias, para Igor a trajetória de “lutas e engajamento” de Moreira contra injustiças fazem dele o melhor nome para o cargo. Igor também acredita que o candidato será capaz de “tocar a economia de modo a promover a distribuição de renda” e de garantir os direitos das minorias. “É um candidato que não possui acordos ou envolvimento com grandes empresários e que pretende governar para cuidar das pessoas e não das empresas apenas”.

JUVENTUDE COM MAIOR VALORIZAÇÃO

Do movimento estudantil para a militância partidária. Assim foi a trajetória de Yasmin Repinaldo, 22, que há cinco anos filiou-se ao PT. Sua meta hoje é ajudar a correligionária Jackeline Rocha a chegar ao Palácio Anchieta como governadora.

Para o futuro, Yasmin deseja que políticas públicas sejam pensadas para a juventude. “É fácil falar para um jovem que ele precisa arrumar emprego, mas muitos não conseguem pagar uma faculdade e ter a primeira chance”. Do mesmo modo, considera áreas como saúde e segurança essenciais.

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Um bom gestor precisa olhar para a comunidade. O que as pessoas querem é um posto de saúde legal, é ter o mínimo de segurança para andar de ônibus

Yasmin Repinaldo, publicitária
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Para a publicitária, Jackeline é uma candidata jovem (ela tem 34 anos), capaz de representar a juventude. “Ela milita no movimento sindical, entende de política nacional. E ainda é uma mulher negra, que veio do movimento estudantil para ser candidata. Nada mais simbólico para representar as minorias. Eu me enxergo nela. Temos sempre os mesmos candidatos. Na melhor que uma jovem para enxergar o que precisamos”, diz.

Yasmin Repinaldo, 22 anos, que atua no projeto Elas por Elas do Partido do Trabalhadores. (Carlos Alberto Silva)

EDUCAÇÃO TEM QUE SER PRIORIDADE

Filho de uma auxiliar de serviços gerais, Ricardo dos Santos Vicente, 28, passou a infância acompanhando a mãe nas escolas em que ela trabalhava e hoje atribui suas conquistas ao incentivo que a família sempre lhe deu para estudar. Por isso, o hoje contador acredita que a educação deve ser a área de atuação prioritária do próximo governo.

“Moro no mesmo bairro onde cresci, em Alecrim, Vila Velha, e vejo os desafios. Muitos jovens, mães solteiras, adolescentes, que não têm oportunidade de ter um bom estudo. Vejo a má qualidade do ensino público. As pessoas não conseguem se adequar ao que o mercado pede hoje”, lamenta.

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Jovens não têm oportunidade de ter um bom estudo. Vejo a má qualidade do ensino público. As pessoas não conseguem se adequar ao que o mercado pede

Ricardo dos Santos Vicente, contador da Fucape
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Diante disso, Ricardo elegeu Aridelmo Teixeira (PTB) como seu candidato. “Foi um dos capixabas que trouxe o projeto Escola Viva para cá. Ele vem com a premissa de investir em Educação e tem conhecimento” diz.

O perfil de gestor do petebista, sócio da Fucape, agrada. “É o que todos os Estados precisam. O cargo de governador é mais do que um cargo político, precisa de um executivo que entenda de gestão, corte gastos desnecessários e Aridelmo já se mostrou um bom gestor nos negócios dele”.

Ricardo dos Santos Vicente, 29 anos, é eleitor de Aridelmo. (Carlos Alberto Silva)

POLÍTICA VEM DE PAI PARA FILHA

Aos 24 anos, Milena Mangabeira nunca foi filiada a partidos, mas desde cedo acompanha de perto o pai, que é filiado ao PSB e há anos é ligado às associações de moradores e movimentos políticos na Serra. Foi assim que ela conheceu o trabalho de Renato Casagrande (PSB), considerado por ela o mais bem preparado entre os candidatos.

“Sempre assisti à TV Senado e à TV Câmara para acompanhá-lo”, lembra ela, que destaca as principais qualidades que vê no socialista. “Ele é verdadeiro. Não faz uma figura na frente das câmeras e por trás, outra. Transmite confiança e mais do que demonstrar conhecer a política, percebe as necessidades das pessoas. Não é o candidato de um segmento político ou social, ele tem um olhar abrangente”, justifica.

Jornalista, mestre em Comunicação e estudante de Ciências Sociais, Milena elege a educação como área prioritária.

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Vejo que a educação pública foi ramificada, com investimentos direcionados para o Escola Viva. Venho de escolas públicas e as conheço de perto, sei como tiveram dificuldade para evoluir por causa disso. Acho que Casagrande pode consertar essas brechas

Milena Mangabeira, mestre em Comunicação
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Milena Mangabeira é eleitora de Casagrande é mestre em jornalismo, pesquisadora e estudante de Ciências Sociais. (Marcelo Prest)

GOVERNO MAIS PERTO DAS PESSOAS

Aos 18 anos, o estudante de Administração Mateus Ribeiro de Oliveira Martins já foi conselheiro municipal de Desenvolvimento Urbano de Vila Velha e passou por dois partidos políticos: no ano passado saiu do Solidariedade para integrar o PSL jovem. A mudança acompanha os passos de seu escolhido para chefiar o Palácio Anchieta: o deputado federal Carlos Manato (PSL).

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Hoje, o governador tem que estar mais perto das pessoas. Todo mundo fala que vai investir em saúde, segurança, educação, mas não faz. Manato vai fazer

Mateus Ribeiro de Oliveira Martins, estudante de Administração
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A convicção de Mateus vem da observação quanto ao passado do candidato: “Ele nunca faltou a uma sessão na Câmara em 14 anos. Teve uma boa passagem como secretário de Saúde da Serra e sempre foi conciliador”, afirma.

Mas a expectativa sobre o futuro também é levada em conta. “Manato sempre se posicionou a favor da segurança e dos policiais. Ele quer transformar o Hospital da Polícia Militar no Hospital da Segurança Pública. Também vai incentivar a vinda de empresas. Ele tem experiência, mas ao mesmo tempo representa o novo porque nunca foi do Executivo”.

 

APOIO PARA MUNICÍPIOS EVOLUÍREM

De Sobreiro, distrito de Laranja da Terra no qual mora há 14 anos, Mirian Correa Araújo, 23, está sempre atenta às movimentações de sua favorita ao governo, a senadora Rose de Freitas (Podemos).

Aos 11 anos Mirian começou a participar de movimentos políticos e aos 17 filiou-se ao MDB, partido o qual Rose integrou até este ano. A funcionária pública é enfática ao definir o que espera para o futuro.

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(Precisamos) de alguém diferente de tudo o que tivemos, que olhe para todos os setores, em especial saúde, segurança e educação. Alguém que monte um secretariado pensando em uma reforma para o Estado

Mirian Correa Araújo, funcionária pública
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Apostando no “novo”, ela acredita que Rose é a melhor a escolha. “Nós nunca tivemos uma mulher governadora. Gosto da Rose pelas bandeiras que ela levanta. Ela deu muito apoio ao combate do feminicídio, desenvolveu trabalhos para a terceira idade, defendeu a maioridade penal”, analisa.

Para além disso, Mirian destaca que a senadora está sempre atenta às necessidades do interior do Estado. “Ela é muito municipalista, ajuda muito. Será uma oportunidade para esses municípios se desenvolverem”.

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Mirian Correa Araújo, 23 anos, vai votar em Rose de Freitas para governo. (Karolina Palácio)

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