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Conheça os candidatos a deputado estadual com menos votos no ES

Conheça os candidatos a deputado estadual com menos votos no ES

Dentre os postulantes ao cargos de deputado estadual estão motorista de aplicativo, publicitária e contador. Alguns deles apontam falta de apoio para a disputa

Publicado em 23 de outubro de 2018 às 19:59

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Ela gosta de política, mas nunca pensou em entrar na disputa para ganhar, tampouco deseja seguir na carreira pública. Aos 40 anos, Raquel Egypto concorreu pela primeira vez a uma vaga para deputada estadual pelo PSDB. Mas o resultado das urnas não foi animador: ela recebeu 18 votos, que partiram de familiares e amigos de sua cidade natal, Cachoeiro de Itapemirim.

Assim como a publicitária, outros 15 concorrentes a uma cadeira na Assembleia Legislativa do Espírito Santo receberam menos de 30 votos nas eleições de 2018. Alguns com votações menos expressivas, como a de Matheus Gonçalves de Sena, o Mateus do Uber (PMB), que foi escolhido por apenas três eleitores, ou a de Jorceli Luciano da Silva (Podemos), que recebeu quatro votos.

No caso de Raquel, o incentivo para concorrer partiu de seus correligionários. Ela se inscreveu, mas nunca fez campanha. A única iniciativa, segundo ela, partiu de sua mãe, que divulgou sua candidatura para amigos no WhatsApp. Dias após o pleito, ela já não lembrava quantos votos havia tido.

"Eu não tinha o intuito de me eleger. Não tinha tempo para fazer campanha. Hoje, eu trabalho com eventos e não quero atrelar meu nome à política", explicou ela, que não pretende mais ser candidata, embora considere a participação feminina na política fundamental. "Quem sabe um dia eu mude de ideia, mas por enquanto prefiro ficar nos bastidores."

Por outro lado, há também os que sonhavam em chegar ao posto de deputado, mas se viram sem recursos no meio do caminho e perderam fôlego. O contador André Luiz Mendonça Nogueira, de 46 anos, desistiu da candidatura no início de setembro por não ter recebido dinheiro do partido, o PHS. No entanto, apesar de ter pedido para que seu nome fosse retirado, isso não aconteceu. Como resultado, ele teve nove votos.

"Minha família teria me dado mais votos se eu estivesse concorrendo", disse ele, que conta ter vontade de representar os moradores de Anchieta, onde mora.

"Em Anchieta, o quantitativo populacional permite que se tenha uma agência do INSS e minha briga era essa", explicou.

E criticou: "O partido não me deu condições de sair candidato. Por que uns têm mais dinheiro e outros têm menos? Eles privilegiam quem tem mais condições de se eleger".

Mas o presidente do PHS, Rogerinho Pinheiro, argumenta: "Somos um partido pequeno, temos poucos recursos a serem repassados e os candidatos sabem desde o início".

Aos 45 anos, Mirian Regina dos Santos Simões (PMB) estreou na disputa este ano, embora já fosse filiada ao PMB. No entanto, o dinheiro que era esperado do PTB, partido coligado ao PMB, só chegou uma semana antes da eleição, inviabilizando a campanha.

"Não deu tempo. Eu estou cheia de santinhos em casa porque só peguei no final", disse Mirian, que recebeu 15 votos da família e dos amigos.  O presidente do PTB, Serjão Magalhães, foi procurado, mas não atendeu às ligações.

Mas Mirian não pretende desistir: "Quero tentar ser vereadora de Guarapari".

Entre os concorrentes menos votados também está o nome de Antonio Teixeira Souza Filho, o Toninho Promoções, do PROS, que recebeu 11 votos. No entanto, o presidente do partido, deputado Sandro Locutor, disse que o candidato de 62 anos morreu antes do pleito.

Oito candidatos a deputado estadual e cinco candidatos a deputado federal apareceram nas apurações com zero votos. Mas isso não significa que eles não tenham sido votados e sim que suas candidaturas foram indeferidas pelo Tribunal Regional Eleitoral do Estado (TRE-ES) antes do pleito.

Conforme analisa o cientista político Fernando Pignaton, candidatos com votações irrisórias são utilizados pelos partidos políticos para preencherem vagas e isso é uma prática antiga. No entanto, este ano, a necessidade do preenchimento de cotas de mulheres, que é prevista em lei, foi o principal motivador deste cenário. 

"Nota-se que a maioria dos candidatos com poucos votos são mulheres (são 11 mulheres e cinco homens).  A cota mínima de mulheres candidatas nos partidos é de 30%, conforme estabelece a lei. As siglas precisam disso para assegurar seus benefícios", explica. 

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Candidatos a deputado estadual com menos de 30 votos

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