O juiz federal Sérgio Moro, confirmado hoje (1) no governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), ficará no superministério da Justiça o tempo que desejar e será indicado para o Supremo Tribunal Federal (STF) sob a condição de deixar um bom sucessor. A afirmação é do próprio Bolsonaro que, mais uma vez, elogiou o magistrado e disse que não interferirá nas ações dele.
A intenção do presidente eleito é que Moro assuma uma vaga no Supremo. A próxima oportunidade ocorrerá em novembro de 2020, quando o ministro Celso de Mello, decano da Corte, aposenta-se aos 75 anos. Depois, haverá a substituição do ministro Marco Aurélio Mello, que também será aposentado por idade.
Bolsonaro disse que não há nada combinado com o juiz federal, mas que pretende seguir seu coração. Não tem nada combinado, mas o coração meu na frente, ele [Moro] tendo um bom sucessor, está aberto para ele [no STF], disse. E comparou Moro a um soldado que vai para a batalha. Ele está indo à guerra sem medo de morrer.
INTERFERÊNCIA
O presidente eleito negou que protegerá aliados de eventuais processos e investigações. Se tiver problema, vai para o pau. Não tenho menor problema com isso, disse. Bolsonaro reiterou que Moro terá total liberdade para escolher sua equipe e indicou que não pretende interferir nas ações do superministério da Justiça. Não vai sofrer qualquer interferência.
CORRUPÇÃO E CREIME ORGANIZADO
O presidente eleito defendeu o uso de snipers (atirador de elite) para abater bandidos com arma de guerra. Segundo ele, é a regra 45 do engajamento nas operações desenvolvidas pelas Forças Armadas e de Segurança do Brasil no Haiti. A proposta foi sugerida pelo governador eleito do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSL), com apoio do general da reserva Augusto Heleno, já confirmado para o superministério da Defesa.
Bolsonaro reiterou que os policiais precisam de uma retaguarda jurídica para não serem punidos quando há mortes em confrontos com suspeitos de crimes.
O presidente eleito afirmou ainda que as prioridades de Moro serão o combate à corrupção e ao crime organizado, daí a decisão de fortalecer e ampliar a Justiça, englobando Segurança Pública, áreas da Controladoria Geral da União e do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). A estrutura ainda está em fase de organização, indicou o presidente eleito.
A escolha de Moro para combater o crime organizado, que, segundo Bolsonaro, é a origem da maior parte da violência no país, se justifica porque é preciso rastrear o dinheiro oriundo da ilegalidade, daí a importância de determinadas áreas do governo estarem sob responsabilidade da Justiça, ainda segundo o presidente eleito.
Bolsonaro negou que, com a nomeação do magistrado, os processos da Operação Lava Jato serão abandonados. Segundo ele, há outros muito bons juízes capazes de conduzir as ações em curso na primeira instância. Para o presidente eleito, o substituto de Moro adotará o mesmo estilo.
CRÍTICAS
O presidente eleito reagiu com uma ironia ao ser questionado sobre as críticas do PT à nomeação de Moro. Se estão reclamando é porque fiz a coisa certa, disse o presidente eleito, referindo-se a líderes do PT e da oposição que afirmam que a nomeação do magistrado é a demonstração da politização do julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso em Curitiba.
Moro e Bolsonaro conversaram hoje (1), por cerca de 40 minutos, na casa do presidente eleito, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. No encontro, o juiz aceitou o convite para assumir a Justiça. Segundo o presidente eleito, o magistrado vai tirar um período de férias, mas vai participar do governo de transição.
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