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Pós-graduação ou segundo curso superior? Vença essa encruzilhada

Pós-graduação ou segundo curso superior? Vença essa encruzilhada

Tempo de duração, objetivos e mercado de trabalho: veja o que levar em consideração na hora de decidir dar aquele impulso na carreira

Publicado em 25 de novembro de 2020 às 11:05

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A pandemia do novo coronavírus provocou diversas mudanças no mercado de trabalho brasileiro
A pandemia do novo coronavírus provocou diversas mudanças no mercado de trabalho brasileiro . (Freepik)

Avassaladoras são as mudanças causadas pela pandemia no mercado de trabalho brasileiro. A onda de demissões engrossou a massa de desempregados no país, que, em meados do ano, chegou a mais de 13,7 milhões e deixou profissionais numa encruzilhada sobre o rumo da carreira. E aí? Partir para uma pós-graduação? Investir num segundo curso superior? Mudar de carreira? Abraçar mais de um trabalho? Fazer uma capacitação rápida. Afinal, pandemia é desastre ou oportunidade?

Palestrante, professor em tomada de decisão e escritor, Uranio Bonoldi tem um canal no YouTube no qual trata essa e outras questões. Na avaliação dele, a trilha a seguir vai depender da sua posição na carreira. Está feliz e motivado? A empresa empregadora está alinhada com seus valores? Então uma segunda graduação não é tão necessária assim, avalia.

O novo curso superior, segundo o especialista, é mais apropriado quando há o desejo de migrar para uma área muito diferente, sem nenhuma aderência ao primeiro curso. Por exemplo, um enfermeiro que quer transformar-se em engenheiro terá de se graduar outra vez. A segunda faculdade também é válida para aqueles que trabalham em uma área bem distinta na qual são formados. Aí sim, para entender melhor o ambiente em que opera, essa decisão seria mais que adequada.

Segundo Uranio Bonoldi, especialista em tomada de decisão, a trilha a seguir vai depender da posição na carreira de cada profissional
Segundo Uranio Bonoldi, especialista em tomada de decisão, a trilha a seguir vai depender da posição na carreira de cada profissional. (Divulgação)

Fora dessas situações, de modo geral, uma pós-graduação ou especialização pode ser a melhor rota para ajudar a se aprofundar e a melhorar as habilidades. É o caminho mais flexível em horários até. “Se você já está no mercado no trabalho há um tempo, talvez essa seja a melhor opção. A pós-graduação é indicada para quem quer reciclar ou ainda para quem quiser seguir uma carreira acadêmica. O importante é não deixar de se atualizar.”

No caso do administrador de empresas Vinícius Pereira Simões, de 39 anos, a escolha por uma segunda graduação (Educação Física) envolveu a paixão pelos esportes. Antes mesmo da diplomação nessa segunda área, a dupla jornada já começou, já que ele é professor faixa-preta de muay thai e jiu-jítsu.

“Vou continuar a trabalhar exercendo a carreira administrativa durante o dia e dando aulas de artes marciais durante a noite. E quando me formar em Educação Física, daqui a dois anos, posso ser personal trainer também. A pandemia me mostrou que precisamos ser versáteis e estarmos sempre preparados”, destaca.

Vinicius Simões optou pelo segundo curso e já está em jornada dupla: de manhã é administrador e à noite dá aulas de artes marciais
Vinicius Simões optou pelo segundo curso e já está em jornada dupla: de manhã é administrador e à noite dá aulas de artes marciais. (Acervo Pessoal)

Pandemia x carreira

Sobre escolhas, a psicóloga Carolina Martins, especialista em recolocação profissional no mercado em carreiras, reforça que é preciso identificar quais são os campos que ainda necessitam de demandas. “É importante saber também quais são as profissões que serão extintas nos próximos anos. Aquelas 100% operacionais, por exemplo, serão rapidamente substituídas por máquinas, robôs, programas e sistemas, e isso deve ser levado em consideração na hora de se dedicar à profissão”, explica.

Ela reforça que muitas pessoas estão presas à ideia do ensino tradicional, o que as leva a deixar de aprender algo que, de fato, seja relevante para a carreira.

A vontade de vencer os desafios da Covid-19 reforça a ideia de que a pandemia não pode ser avaliada apenas como acontecimento desastroso, enfatiza. 

Aspas de citação

Muitas pessoas falam sobre o cancelamento de 2020. Eu não concordo. Este é o ano de mudanças no comportamento profissional. Além disso, tivemos um ganho bastante considerável na parte de desenvolvimento tecnológico.

Carolina Martins
Psicóloga e especialista em recolocação profissional
Aspas de citação

Carolina acredita que, para se destacar diante os problemas impostos pela pandemia, é preciso estar engajado com a realidade 100% digital. “Um exemplo desse engajamento é a ferramenta do LinkedIn, que proporciona ao usuário divulgar seus conhecimentos e buscar oportunidades na carreira”, observa.

Carolina Martins, especialista em recolocação profissional, reforça que é preciso identificar quais são os campos que necessitam de demandas
Carolina Martins, especialista em recolocação profissional, reforça que é preciso identificar quais são os campos que necessitam de demandas. (Divulgação)

Terceira via aberta

Medo de mudar de direção nunca fez parte da vida de Tatiana Arruda, 34 anos, que nem precisou aderir à segunda graduação ou à pós-graduação para modificar radicalmente de rumos ao longo das várias carreiras que abraçou e abraça. Formada em Jornalismo, ainda na faculdade ela começou a trabalhar como funcionária de uma companhia aérea em terra. Ela até chegou a atuar na sua área de formação por sete anos, mas a comunicação deu lugar à tecnologia.

“Assumi a função de gestora administrativa e financeira de uma empresa de tecnologia. Era uma atividade totalmente nova para mim, mas corri atrás de conhecimento e descobri que tenho aptidão para empreender. E, recentemente, eu resolvi investir também em uma paixão antiga: a moda. Procurei capacitação para me tornar consultora de imagem e estilo e tenho sido muito feliz com essa nova atividade. Ajudar alguém a descobrir sua melhor versão é muito realizador. Hoje concilio as atividades de gestora e consultora de imagem.”

Tati Arruda em três momentos: 1) em seu espaço de consultoria de moda; 2) como gerente  de empresa de tecnologia, 3) como funcionária de companhia aérea
Tati Arruda em três momentos: 1) em seu estúdio de consultoria de moda; 2) como gerente de empresa de tecnologia, 3) como funcionária de companhia aérea. (Acervo pessoal)

Para quem é jovem, principalmente, Tatiana traz uma palavra de alento em meio às angústias das escolhas: nada precisa ser definitivo. “Acho muito estranho pensarmos que, aos 18 anos, temos que escolher o que queremos fazer para o resto da vida. E isso não é a verdade absoluta. Dá medo mudar, mas acho que, cada vez que eu mudei o rumo da minha carreira profissional, eu fui me tornando uma profissional melhor. Afinal, todo o conhecimento que eu adquiri nas minhas profissões anteriores servem de bagagem para minhas profissões atuais.”

Veja as características de cada escolha

Pós-graduação

  • Um bom caminho para quem está numa área promissora ou pouco afetada por demissões e quer conquistar cargos mais altos em uma empresa, sobretudo como gerente ou diretor.
  • Dá a chance de se tornar um especialista em algum assunto, o que é um grande diferencial no mercado de trabalho. Isso ajuda a elevar o salário.
  • Oferece a oportunidade de ampliar o networking com pessoas de diferentes áreas.
  • Para profissionais que não têm licenciatura, abre as portas para o campo de pesquisas e a possibilidade de lecionar em alguma instituição de ensino, de nível médio ou superior (para diplomados com mestrado).
  • Como dura aproximadamente dois anos e tem dias e horários mais flexíveis, acaba se tornando uma boa alternativa para quem não tem a agenda tão disponível.

Segunda graduação

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  • Quer uma mudança completa de rumo? Serão de quatro a seis anos de uma nova caminhada, mas essa trilha pode ser mais curta. Dependendo do curso a seguir, é possível eliminar algumas matérias, se houver alguma similaridade entre o curso feito e o curso a se fazer. Por isso, é importante saber se você tem essa disposição para o estudo.
  • Muita gente pensa que o segundo curso “suja o currículo”, mas isso não é verdade. Pode demonstrar uma pessoa dinâmica que não fica na zona de conforto.
  • Pode ser a opção também para quem fez uma primeira graduação e se empregou em uma área completamente diferente. Nesse caso, o segundo curso estaria alinhado com o emprego atual.
  • Pode durar de quatro a seis anos. Cursos presenciais não têm tanta flexibilidade em dias e horários.

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