Avassaladoras são as mudanças causadas pela pandemia no mercado de trabalho brasileiro. A onda de demissões engrossou a massa de desempregados no país, que, em meados do ano, chegou a mais de 13,7 milhões e deixou profissionais numa encruzilhada sobre o rumo da carreira. E aí? Partir para uma pós-graduação? Investir num segundo curso superior? Mudar de carreira? Abraçar mais de um trabalho? Fazer uma capacitação rápida. Afinal, pandemia é desastre ou oportunidade?
Palestrante, professor em tomada de decisão e escritor, Uranio Bonoldi tem um canal no YouTube no qual trata essa e outras questões. Na avaliação dele, a trilha a seguir vai depender da sua posição na carreira. Está feliz e motivado? A empresa empregadora está alinhada com seus valores? Então uma segunda graduação não é tão necessária assim, avalia.
O novo curso superior, segundo o especialista, é mais apropriado quando há o desejo de migrar para uma área muito diferente, sem nenhuma aderência ao primeiro curso. Por exemplo, um enfermeiro que quer transformar-se em engenheiro terá de se graduar outra vez. A segunda faculdade também é válida para aqueles que trabalham em uma área bem distinta na qual são formados. Aí sim, para entender melhor o ambiente em que opera, essa decisão seria mais que adequada.
Fora dessas situações, de modo geral, uma pós-graduação ou especialização pode ser a melhor rota para ajudar a se aprofundar e a melhorar as habilidades. É o caminho mais flexível em horários até. Se você já está no mercado no trabalho há um tempo, talvez essa seja a melhor opção. A pós-graduação é indicada para quem quer reciclar ou ainda para quem quiser seguir uma carreira acadêmica. O importante é não deixar de se atualizar.
No caso do administrador de empresas Vinícius Pereira Simões, de 39 anos, a escolha por uma segunda graduação (Educação Física) envolveu a paixão pelos esportes. Antes mesmo da diplomação nessa segunda área, a dupla jornada já começou, já que ele é professor faixa-preta de muay thai e jiu-jítsu.
Vou continuar a trabalhar exercendo a carreira administrativa durante o dia e dando aulas de artes marciais durante a noite. E quando me formar em Educação Física, daqui a dois anos, posso ser personal trainer também. A pandemia me mostrou que precisamos ser versáteis e estarmos sempre preparados, destaca.
Sobre escolhas, a psicóloga Carolina Martins, especialista em recolocação profissional no mercado em carreiras, reforça que é preciso identificar quais são os campos que ainda necessitam de demandas. É importante saber também quais são as profissões que serão extintas nos próximos anos. Aquelas 100% operacionais, por exemplo, serão rapidamente substituídas por máquinas, robôs, programas e sistemas, e isso deve ser levado em consideração na hora de se dedicar à profissão, explica.
Ela reforça que muitas pessoas estão presas à ideia do ensino tradicional, o que as leva a deixar de aprender algo que, de fato, seja relevante para a carreira.
A vontade de vencer os desafios da Covid-19 reforça a ideia de que a pandemia não pode ser avaliada apenas como acontecimento desastroso, enfatiza.
Carolina acredita que, para se destacar diante os problemas impostos pela pandemia, é preciso estar engajado com a realidade 100% digital. Um exemplo desse engajamento é a ferramenta do LinkedIn, que proporciona ao usuário divulgar seus conhecimentos e buscar oportunidades na carreira, observa.
Medo de mudar de direção nunca fez parte da vida de Tatiana Arruda, 34 anos, que nem precisou aderir à segunda graduação ou à pós-graduação para modificar radicalmente de rumos ao longo das várias carreiras que abraçou e abraça. Formada em Jornalismo, ainda na faculdade ela começou a trabalhar como funcionária de uma companhia aérea em terra. Ela até chegou a atuar na sua área de formação por sete anos, mas a comunicação deu lugar à tecnologia.
Assumi a função de gestora administrativa e financeira de uma empresa de tecnologia. Era uma atividade totalmente nova para mim, mas corri atrás de conhecimento e descobri que tenho aptidão para empreender. E, recentemente, eu resolvi investir também em uma paixão antiga: a moda. Procurei capacitação para me tornar consultora de imagem e estilo e tenho sido muito feliz com essa nova atividade. Ajudar alguém a descobrir sua melhor versão é muito realizador. Hoje concilio as atividades de gestora e consultora de imagem.
Para quem é jovem, principalmente, Tatiana traz uma palavra de alento em meio às angústias das escolhas: nada precisa ser definitivo. Acho muito estranho pensarmos que, aos 18 anos, temos que escolher o que queremos fazer para o resto da vida. E isso não é a verdade absoluta. Dá medo mudar, mas acho que, cada vez que eu mudei o rumo da minha carreira profissional, eu fui me tornando uma profissional melhor. Afinal, todo o conhecimento que eu adquiri nas minhas profissões anteriores servem de bagagem para minhas profissões atuais.
Pós-graduação
Segunda graduação
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