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Dono da Itapemirim tem empresa de R$ 6 bi na Europa apesar de atraso de salários no Brasil

Dono da Itapemirim tem empresa de R$ 6 bi na Europa apesar de atraso de salários no Brasil

Negócio teve primeiras movimentações em abril deste ano, segundo site consultado por A Gazeta que mostra operações de firmas offshore

Publicado em 16 de dezembro de 2021 às 16:02- Atualizado há 2 anos

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Em meio a reclamações de cancelamento de voos da Ita, de atrasos de salários e do não pagamento das dívidas com os credores do processo de recuperação judicial, o Grupo Itapemirim foi envolvido em uma nova polêmica.

O dono da empresa,  Sidnei Piva de Jesus, tem expandido a área de negócios e agora tem uma empresa offshore, a SS Space Capital Group UK LTD. Ele abriu a firma neste ano no Reino Unido. A informação foi divulgada pelo site Congresso em Foco e confirmada por A Gazeta.

Segundo o site OpenCorporates, consultado por A Gazeta, que mostra as companhias constituídas no exterior, principalmente em paraíso fiscal, a firma de Piva tem um capital de 785  milhões de libras, aproximadamente R$ 6 bilhões.

Itapemirim
Aeronave da Ita. (Ilton Barbosa/Divulgação)

Segundo o relatório desse site, a companhia, com sede em Londres, na Inglaterra, teve as primeiras movimentações no fim de abril. A proposta é atuar como uma holding de serviços financeiros e fundos de investimentos.

Em nota, a Itapemirim disse que não tem relação com a empresa SS Space Capital e que o negócio é uma iniciativa pessoal de Piva.

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A empresa SS Space Capital Group UK LTD está devidamente registrada e regular em todos os órgãos competentes do Reino Unido, conforme prevê a legislação local. A abertura da companhia é uma iniciativa particular do empresário Sidnei Piva de Jesus para futuros projetos de negócios. O Grupo Itapemirim não tem relação societária com a SS Space Capital Group UK LTD

Grupo Itapemirim
Nota enviada para A Gazeta
Aspas de citação

Sobre as outras queixas, o Grupo Itapemirim disse que tem tem cumprido rigorosamente o plano de recuperação judicial com todos os credores.

"Vale ressaltar que o Grupo Itapemirim protocolou em 24 de maio petição à 1ª Vara de falências e recuperações judiciais do foro central da comarca da capital - Estado de São Paulo para encerramento do processo de Recuperação Judicial", disse em nota.

VOO DE GALINHA DA ITA

Com estreia das operações realizada no início deste semestre, a Itapemirim Transportes Aéreos (ITA), nova companhia aérea brasileira criada pelo Grupo Itapemirim, tem dado "voos de galinha" desde a sua criação, que ocorreu em meio a um processo de recuperação judicial da Viação Itapemirim, principal negócio do conglomerado, e da maior crise da história do setor aéreo, ocasionada pela pandemia da Covid-19.

No jargão econômico, um voo de galinha acontece quando a economia inicia um processo de recuperação, mas, por falta de condições estruturais não consegue ir muito longe e, pouco tempo depois, volta a recuar ou entra em estagnação. A mesma lógica pode ser aplicada a outros casos, como empresas.

Ônibus da Viação Itapemirim: companhia está em recuperação judicial desde 2016
Ônibus da Viação Itapemirim: companhia está em recuperação judicial desde 2016. (Siumara Gonçalves)
O voo de galinha da Ita, a operadora aérea do Grupo Itapemirim

No caso da ITA, trata-se da situação conturbada enfrentada pela companhia aérea. Não é um cenário tão incomum no país, que, apenas nos últimos anos viu a ascensão e queda de operadoras como Flyways, Flex, WhiteJets, sendo a Avianca Brasil (Oceanair) uma das que mais perduraram. Outras entraram em recuperação judicial, como foi o caso da Latam.

A ITA, especificamente, não está em recuperação judicial, mas foi pelo Grupo Itapemirim, companhia que enfrenta hoje este cenário.

RECUPERAÇÃO JUDICIAL E PLANOS FUTUROS

A ITA foi criada no ano passado para ser um braço do grupo Itapemirim no transporte aéreo. O novo negócio surgiu sob desconfiança do mercado, tendo em vista o processo de recuperação judicial enfrentado desde 2016 pela Viação Itapemirim, principal negócio do complexo fundado por Camilo Cola em 1953 e vendido para o empresário paulista Sidnei Piva em 2016.

No último dia 2, um grupo de credores protocolou, junto ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), onde corre o processo, um novo pedido de falência da viação e de empresas que fazem parte do mesmo conglomerado.

À reportagem, o grupo Itapemirim informou que “trata-se de um pedido sem fundamento jurídico, que ainda será analisado pela Justiça. Por este motivo, a empresa protocolou, na última sexta-feira (3), no Tribunal de Justiça de São Paulo, uma petição contra o grupo de credores por flagrante má fé-processual, já que os mesmos não estão aptos a contar com os depósitos, uma vez que não ocorreu o envio de procuração com poderes para dar e receber quitação (documento solicitado pelas recuperandas quando os patronos informam seus próprios dados bancários).”

A empresa requisitou ainda que o caso seja encaminhado ao Ministério Público para que seja investigado possível crime falimentar. 

“O Grupo Itapemirim reafirma que cumpre rigorosamente todas as cláusulas do plano e, inclusive, já solicitou o encerramento da recuperação judicial em 24 de maio [de 2021], aguarda decisão da Justiça e segue com suas operações normalmente.”

O grupo segue fazendo investimentos. Em outubro, lançou, em parceria com bancos, a ITA Bank, fintech que oferece uma conta digital gratuita com serviços como PIX, transferências e pagamentos, além da possibilidade de contratação de crédito, seguros e consórcios, a fim de ajudar clientes na compra de passagens aéreas e rodoviárias.

Além disso, em entrevista ao UOL, o presidente do grupo, Sidnei Piva, disse que há projetos para abrir mais duas empresas aéreas a partir de 2023, sendo uma na Europa e outra nos Estados Unidos. Não obstante, há planos de voarem para outros países da América do Sul no ano que vem.

*Com informações da Agência Câmara

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